terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Crítica - A Viagem de Chihiro
No Oscar de 2001 muitos se surpreenderam com uma animação japonesa sendo indicada (e ganhando) o prêmio de Melhor Filme de Animação, superando os longas lançados pelos grandes estúdios ocidentais: Pixar, Disney e DreamWorks. E a partir daí o nome de Hayao Miyazaki e de seu estúdio Ghibli, antes desconhecidos no Ocidente, viraram celebridades no mundo do cinema. E a ''culpa'' de tudo isso é do magnífico ''A Viagem de Chihiro'' (Sen to Chihiro no kamikakushi, 2001).
Tudo começa com a mimada e amedrontada Chihiro, que está se mudando de cidade, junto de seus pais. Durante a viagem, eles acabam se perdendo e encontram uma espécie de parque de diversões abandonado. Ao explorarem o local, encontram um restaurante, também deserto, porém repleto de comida, e enquanto os seus pais comiam o que tinha ali, Chihiro explorava um pouco mais o local. E aí começa a incursão da garota num mágico e perigoso mundo, que apenas revela sua existência durante a noite.
Seus pais acabam transformados em porcos, por comerem aquilo, e a menina, ajudada pelo jovem Haku, consegue convencer a megera Yubaba, uma bruxa que comanda aquele ''mundo'', a permitir que ela trabalhe lá, dentro de uma casa de banhos que lá existe. E então, ela começa uma jornada arriscada para salvar seus pais e sair daquele lugar.
O encanto para com o filme já começa com o deslumbre visual que ele proporciona, uma mistura da cultura japonesa com a criatividade do diretor, que nos mostra um mundo lindo e particular: com bebês gigantes, bruxas com a cabeça maior do que o corpo de um homem, espíritos e dragões. E tudo fica ainda maior com o colorido exagerado (de um jeito bom) que compõe o ambiente do filme, quase todo feito à mão, com pincéis. Enfim, posso continuar falando mil linhas sobre o visual da obra que não conseguirei exemplificar sua beleza completamente.
E isso tudo ainda se alia à uma brilhante trilha sonora, com canções extremamente emocionantes, e à um roteiro metafórico escrito por Miyazaki. Um roteiro que reúne desde críticas ao capitalismo humano (com o monstro sem face, que de ingênuo no começo, ao entrar na casa de banho se torna um monstro; além da óbvia obsessão por ouro dos personagens), até à falta de identidade (quando Yubaba rouba o nome de Chihiro, que passa a se chamar Sen) e objetivos do homem (Chihiro, ao contrário dos outros trabalhadores, não se mostra satisfeita e quer fugir do local).
Pode parecer que o filme se perde em alguns momentos, em meio a tantos simbolismos e histórias, e isso realmente acontece durante algum tempo na metade do longa. Entretanto isso não retira nenhum dos méritos de Miyazaki em criar um filme corajoso, belo e adulto; o que ainda não era um costume das animações no início da década.
Nota: 8/10
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