sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Votação - Melhores de 2013

    Tal qual ano passado, montarei enquetes para vocês escolherem os melhores do ano (a partir das minhas indicações, é claro, porque aqui não é bagunça). As enquetes estão aqui e fecham no dia 26/02. Votem, votem.

MELHOR FILME

"Amor"
"Antes da Meia-Noite"
"Django Livre"
"A Grande Beleza"
"Killer Joe - Matador de Aluguel"
"Segredos de Sangue"
"Os Suspeitos"

MELHOR DIRETOR

Michael Haneke, por "Amor"
Abdellatif Kechiche, por "Azul é a Cor Mais Quente"
Thomas Vinterberg, por "A Caça"
Paolo Sorrentino, por "A Grande Beleza"
Alfonso Cuarón, por "Gravidade"

MELHOR ATOR

Jean-Louis Trintignant, por "Amor"
Mads Mikkelsen, por "A Caça"
Toni Servillo, por "A Grande Beleza"
Daniel Day-Lewis, por "Lincoln"
Joaquin Phoenix, por "O Mestre"

MELHOR ATRIZ

Emanuelle Riva, por "Amor"
Julie Delpy, por "Antes da Meia-Noite"
Meryl Streep, por "Álbum de Família"
Adèle Exarchopoulos, por "Azul é a Cor Mais Quente"
Cate Blanchett, por "Blue Jasmine"

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Matthew McCounaghey, por "Amor Bandido"
Leonardo DiCaprio, por "Django Livre"
Matthew McCounaghey, por "Killer Joe - Matador de Aluguel"
Philip Seymour Hoffman, por "O Mestre"
Daniel Brühl, por "Rush: No Limite da Emoção"

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Julia Roberts, por "Álbum de Família"
Margo Martindale, por "Álbum de Família"
Léa Seydoux, por "Azul é a Cor Mais Quente"
Amy Adams, por "O Mestre"
Anne Hathaway, por "Os Miseráveis"

MELHOR ATUAÇÃO INFANTIL/JOVEM

Tye Sheridan, por "Amor Bandido"
Adéle Exarchopoulos, por "Azul é a Cor Mais Quente"
Annika Wedderkopp, por "A Caça"
Tessa Ia, por "Depois de Lúcia"
Quvenzhané Wallis, por "Indomável Sonhadora"

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Michael Haneke, por "Amor"
Jeff Nichols, por "Amor Bandido"
Tobias Lindholm e Thomas Vinterberg, por "A Caça"
Quentin Tarantino, por "Django Livre"
Noah Baumbach e Greta Gerwig, por "Frances Ha"

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke, por "Antes da Meia-Noite"
Abdellatif Kechiche e Ghalia Lacroix, por "Azul é a Cor Mais Quente"
Paolo Sorrentino e Umberto Contarello, por "A Grande Beleza"
Lucy Alibar e Benh Zeitlin, por "Indomável Sonhadora"
Tracy Letts, por "Killer Joe - Matador de Aluguel"

MELHOR ANIMAÇÃO (ô, ano ruim!)

"Os Croods"
"Detona Ralph"
"Universidade Monstros"

MELHOR MONTAGEM

Nadine Muse e Monika Willi, por "Amor"
Janus Billeskov Jansen e Anne Østerud, por "A Caça"
Alfonso Cuarón e Mark Sanger, por "Gravidade"
Nicholas de Toth, por "Segredos de Sangue"
Joel Cox e Gary Roath, por "Os Suspeitos"

MELHOR TRILHA SONORA

Dario Marianelli, por "Anna Karenina"
Henry Jackman, por "Capitão Phillips"
Steven Price, por "Gravidade"
John Williams, por "Lincoln"
Hans Zimmer, por "Rush: No Limite da Emoção"

MELHOR FOTOGRAFIA

Seamus McGarvey, por "Anna Karenina"
Charlotte Bruus Christensen, por "A Caça"
Luca Bigazzi, por "A Grande Beleza"
Emmanuel Lubezki, por "Gravidade"
Roger Deakins, por "Os Suspeitos"

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Sarah Greenwood e Katie Spencer, por "Anna Karenina"
J. Michael Riva e Leslie A. Pope, por "Django Livre"
Catherine Martin e Beverley Dunn, por "O Grande Gatsby"
Andy Nicholson, Rosie Goodwin e Joanne Woollard, por "Gravidade"
Eve Stewart e Anna Lynch-Robinson, por "Os Miseráveis"

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

Roger Guyett, Patrick Tubach, Ben Grossmann e Burt Dalton, por "Além da Escuridão: Star Trek"
Hal T. Hickel, John Knoll, Lindy DeQuattro e Nigel Sumner, por "Círculo de Fogo"
Tim Webber, Chris Lawrence, Dave Shirk e Neil Corbould, por "Gravidade"

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Lista - Piores Filmes Lançados no Brasil em 2013

    Vamos treinar o veneno e nos divertir com a lista dos piores filmes lançados no Brasil em 2013. Sempre importante lembrar que eu raramente assisto a longas massacrados pela crítica e público, logo não fique esperando "Todo Mundo em Pânico 5" e afins por aqui.

10. "O Homem de Aço"


    Da mesma forma que vários fracassos da Marvel ("Capitão América: O Primeiro Vingador", "Homem de Ferro 3"...) comprovaram o problema da "linha cinematográfica" seguida pelos seus filmes - mais voltados para a diversão -; "O Homem de Aço" exemplifica o lado negativo da seriedade que vem sendo implantada nos filmes da DC, via Christopher Nolan. A direção de Zack Snyder ("300") é absolutamente irritante, com uma câmera trêmula aliada a uma montagem cheia de cortes secos. 
    O roteiro é raso como uma colher de chá - apesar de tentar a todo custo demonstrar o contrário - e possui diversos problemas estruturais. Henry Cavill também não convence como o Homem de Aço (mas, a essa altura, qualquer coisa é melhor que Brandon Routh, do filme de 2005). Além disso, se a direção de Snyder já não ajuda, os efeitos especiais muito duvidosos - CGI over notável - atrapalham ainda mais as cenas de ação. E aí, sobra o quê para salvar?

Nota 4/10



9. "Elysium"

    Muito se esperava do retorno de Neill Blomkamp à direção após o sucesso - e qualidade - de seu longa de estreia, "Distrito 9". "Elysium" parte de uma linha narrativa bem semelhante à do seu anterior sucesso: ficção científica com subtexto político-social. Em 2159, o planeta Terra virou um grande "lixão" onde apenas os mais pobres continuam vivendo, já os mais ricos moram em Elysium, uma estação especial mega desenvolvida. 
    A trama, então, se desenvolve em torno de discussões atuais como imigração ilegal, subdesenvolvimento e serviços públicos precários. No entanto, distancia-se de "Distrito 9" por fazê-lo de forma absolutamente convencional e clichê, num simplório maniqueísmo de Bem contra o Mal. 
    Além disso, não se aprofunda em quase nada do que propõe discutir, se entregando rapidamente às cenas de explosões e correria. De positivo, a boa estreia de Wagner Moura em Hollywood e os efeitos especiais competentes.

Nota 4/10



8. "Turbo"



    É sintomática a sensação de que as animações americanas vêm decaindo em qualidade nos últimos anos. Após uma década de 2000 com lançamentos como "WALL-E", "Shrek", "Procurando Nemo" e "Monstros S.A."; o início da década de 2010 começou promissor com "Up - Altas Aventuras", "Coraline e o Mundo Secreto", "Toy Story 3" e "Como Treinar Seu Dragão". Porém os últimos três anos foram de absoluta mediocridade. 
    "Turbo" se encaixa perfeitamente nesta situação. É um filme bobinho e inofensivo, que em outros anos certamente seria lançado diretamente em DVD. Nele, o personagem-título, Turbo, é um caracol que sonha em ser o mais rápido do mundo. E é isso, acho que não precisa falar mais nada, né, galerinha? Tá difícil.

Nota 4/10

7. "Diana"

    De candidato às premiações até se tornar uma das "bombas" do ano. De ter Naomi Watts como cotada ao Oscar de Melhor Atriz até esta ser indicada ao Framboesa de Ouro (em que se leve em conta, claro, a irrelevância do prêmio e os vários motivos pelos quais a atriz não deveria ter sido indicada). "Diana" foi uma absoluta decepção geral. O filme conta os últimos anos de vida da princesa... bem, na verdade, "conta". 
    O diretor Oliver Hirschbiegel ("A Queda! As Últimas Horas de Hitler") e seu roteirista Stephen Jeffreys praticamente fazem uma livre adaptação da vida de Diana, sustentando-se majoritariamente em rumores e exageros. Aqui, a princesa está mais para princesa da Disney - bondosa, apaixonada, inocente e que faz de tudo pelo "Príncipe Encantado". Por fim, se torna um filme irritante - por mostrar algo que obviamente não foi real -, inofensivo - pois duvido que alguém ainda lembre que este filme existe - e desnecessário.

Nota 4/10



6. "A Morte do Demônio"

    Não dá para começar a falar deste filme sem mencionar este pôster babaca. Mas é muita ousadia - para não dizer estupidez - se autodenominar o filme mais aterrorizante de todos, né, Brasil? Enfim, idiotices propagandísticas a parte, "A Morte do Demônio" é um remake do clássico homônimo de 1981, que inclusive é produzido pelo seu diretor original, Sam Raimi (de "Homem-Aranha"). O cineasta entrega à direção deste remake ao estreante Fede Alvarez, que também faz o trabalho de co-roteirista. 
    A história se manteve a mesma: uma jovem que viaja com seu irmão e amigos para uma cabana no meio do nada, lá eles encontram um livro antigo e blá, blá, blá. É até admirável que Alvarez tenha decidido criar um ambiente totalmente distinto do filme original: no lugar do terror próximo da comédia, um longa que absolutamente tentar ser levado a sério. 
    Seria, de fato, uma boa saída se "A Morte do Demônio" servisse como filme de terror. Mas, na verdade, é um filme totalmente convencional, com personagens toscos e esquecíveis, excesso de sangue pirotécnico e gratuito, roteiro furado e nada a acrescentar ao gênero.

Nota 4/10

5. "Mama"

    De novo com um filme de terror aqui na lista. E mais um daqueles que tenta trazer público a partir do nome de seu produtor - e não diretor -. Com certeza, 90% das pessoas que foram ver este filme pensaram se tratar de um longa dirigido por Guillermo Del Toro (de "O Labirinto do Fauno"). O mexicano apenas produziu "Mama", que foi dirigido por Andres Muschietti. 
    Baseado num curta do próprio Muschietti, o filme conta a história de Annabel (Jessica Chastain, de "A Hora Mais Escura") e Lucas (Nikolaj Coster-Waldau, de "Oblivion") são tios de duas meninas órfãs que, após cinco anos desaparecidas, foram encontradas numa floresta e agora ficam sob a guarda deles. A personagem-título, Mama, é um espírito-entidade-amigo imaginário das meninas com a qual elas conversam frequentemente. 
    É um ponto de partida que, apesar de convencional, até poderia trazer algo de interessante - o gênero terror, na verdade, vive de suas próprias reinvenções diante do clichê -, mas nada disso acontece. Passado seu prólogo, em momento algum o filme consegue assustar ou manter seu espectador tenso, até que, no seu terceiro ato, tudo desanda no tosco e no riso involuntário.

Nota: 4/10

4. "Os Amantes Passageiros"



    Pedro Almodóvar talvez tenha feito seu pior filme (não posso afirmar com certeza, posto que não terminei de ver toda sua filmografia). Só com muito esforço para alcançar algo mais problemático que "Os Amantes Passageiros". A história se passa dentro de um avião em pane, impossibilitado de pousar em segurança. O avião, na verdade, se comporta como uma metáfora para a crise econômica espanhola. 
    Os passageiros da classe econômica - o povo - dopados em sono profundo; uma primeira classe transloucada - os ricos -; e uma tripulação que esconde o verdadeiro problema com o avião - o governo -. Entretanto, a metáfora não sustenta o filme. Almodóvar realiza um longa cheio de excessos, piadas fracas e ritmo problemático. Um filme menor. Minúsculo.

Nota 3/10


3. "Meu Malvado Favorito 2"



    Olha, sinceramente, tem hora que não sei o que passa na cabeça de algumas pessoas. Como é possível achar "Meu Malvado Favorito 2" e seu antecessor bons filmes?! São basicamente várias esquetes engraçadinhas, fofinhas e com limite de idade para menores de dez anos; que roteiristas e diretores remendam até que forme um todo de noventa minutos com um mínimo de coesão. 
    Praticamente um arremedo de tudo que já se fez e se cansou de fazer no humor e nas animações, requentado e sem personalidade. E que não cheguem perto de mim com essa coisinha chamada "Minions" que pretendem lançar neste ano.

Nota 3/10




2. "O Mordomo da Casa Branca"

    Alguém lembra quando "O Mordomo da Casa Branca" era favorito para o Oscar deste ano? Quando Oprah Winfrey era aposta fácil como Melhor Atriz Coadjuvante? Ainda bem que esses tempos passaram e os votantes conseguiram escapar da verdadeira armadilha que Lee Daniels (de "Preciosa"), o diretor desta bobagem, armou para eles. 
    O filme retrata a história de Cecil Gaines (Forest Whitaker, de "O Último Rei da Escócia"), um mordomo que trabalhou na Casa Branca durante trinta e quatro anos, passando por oito presidentes diferentes. Na verdade, muito mais do que isso, o longa se propõe como uma análise da situação dos negros durante esse período (1952-1986), em contraste com a politicagem observada por Cecil dentro da Casa Branca. Porém não entrega nada do que propõe. 
    Lee Daniels entrega uma trama extremamente superficial, que não faz questão nenhuma de se aprofundar nos dramas ali retratados - uma versão light e razoavelmente feel good (como o fraco "Histórias Cruzadas") para o grande público -, e, além disso, é apenas propaganda democrata e pró-Obama sem nenhum pudor. Minha única lembrança de "O Mordomo da Casa Branca" será o verdadeiro desfile de atores famosos com cenas de nem dois minutos, como Jane Fonda, Robin Williams, Alan Rickman, John Cusack, Liev Schreiber, Vanessa Redgrave, Melissa Leo e até Mariah Carey que sequer completa alguma frase.

Nota 3/10


1. "Uma Noite de Crime"

    Chegamos ao grande vencedor. Aquele que conseguiu o inacreditável. Aquele que conseguiu jogar um argumento interessantíssimo na lata do lixo. Do lixo tóxico, inclusive. Lixo tóxico de usina nuclear, sendo bem claro. A história é bem atraente: o governo americano sancionou uma lei que cria um período anual de doze horas em que qualquer crime se torna legal - assassinato, invasão de domicílio, roubo etc -. 
   O longa enfoca, então, numa família que, quando seu filho abre a porta de sua casa para um estranho entrar durante essas horas, se coloca com alvo de um grupo de assassinos. James DeMonaco, seu diretor e roteirista, se mostra absolutamente incapaz de criar qualquer tensão durante o longa, mesmo quando a casa é, enfim, invadida e fica praticamente cada um por si em busca da sobrevivência. 
   As interpretações, então, são o absurdo do absurdo. Lena Headey ("Game of Thrones"), a intéprete de Mary - a matriarca da família - está o cúmulo do constrangimento, numa das piores interpretações dos últimos tempos. E os "vilões" estão absolutamente risíveis, criando uma verdadeira competição de canastrice. Isso para não falar daquele "plot twist" no fim, que me deu vontade de desaparecer de tanta vergonha alheia.
Nota 1/10

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Crítica - Azul é a Cor Mais Quente

    Esta crítica é, na verdade, uma análise geral de toda a história do longa, portanto possui alguns spoilers. Nada de muito sério ou prejudicial, mas é bom avisar aos desavisados que ainda não viram o filme (mas devem vê-lo logo, vão, corram pro cinema!).


    É assustador como alguns filmes chamam a atenção de alguns pelos motivos errados. Quantas pessoas não ouviram falar de "Azul é a Cor Mais Quente" devido à tal "cena-de-sexo-lésbico-de-quase-dez-minutos"? E é ainda mais assustador pensar que algumas pessoas só vão ao cinema assisti-lo por causa disso. Por outro lado, é ótimo que muitas que o assistem consigam perceber o que o filme de fato é, e notar que a tão falada cena não está ali para chocar ninguém e possui um profundo valor narrativo. Julgamentos à parte, vamos falar do longa.

    Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, "Azul é a Cor Mais Quente" é uma adaptação de uma HQ francesa escrita por Julie Maroh. O filme, dirigido por Abdellatif Kechiche (de "O Segredo do Grão"), conta a história de Adèle (Adèle Exarchopoulos, de "Quando Eu Era Sombrio") e sua busca por si mesma durante a juventude. Ela não sabe o quer para seu futuro, não se compreende, não se adapta ao mundo: ela é adolescente. Pressionada pelas amigas (e por que não por si mesma?), Adèle aceita sair - e perder sua virgindade - com um garoto de seu colégio, mas ela não se sente bem com ele, aquilo não a faz feliz, não a completa.

    Em seu início, o roteiro, assinado pelo próprio Abdellatif Kechiche junto de Ghalia Lacroix, pontua muito bem o universo perdido, desfuncional e cheio de incertezas da protagonista. Ela não se parece com suas amigas, não sente atração pelo garoto que todas acham lindo, está fora do padrão. Aos poucos, vamos entrando na jornada de descoberta de Adèle. O grande ponto de virada é quando ela cruza na rua com uma garota de cabelos azuis e não mais consegue tirá-la da cabeça. E, então, numa bela cena, vemos Adèle fazendo sua primeira descoberta: seu próprio corpo - sim, o autoprazer.

    Inquieta e sedenta por se descobrir ainda mais, Adèle se joga ao mundo "alternativo". Ela quer se compreender, oras. E é aí que, para sua surpresa, ela reencontra num bar a jovem de cabelos azuis que viu na rua: Emma (Léa Seydoux, de "Missão: Impossível - Protocolo Fantasma"). Se o filme já era encantador por mostrar de forma tão real e bonita o início do caminho de Adèle, é na construção da amizade e do relacionamento dela com Emma que ele deslancha. A união da direção precisa de Kechiche com a fotografia competente e, acima de tudo, com as interpretações memoráveis das duas protagonistas catapulta o filme à aura de melhor filme do ano.

    Cada cena, cada olhar, cada diálogo, cada toque, tudo grita objetivo e realismo. E a longa cena de sexo - que não é a única do filme - carrega tanto simbolismo quanto poderia. Pode-se compará-la com aquela do começo do filme, de Adèle com o amigo do colégio. Observar a forma com que, a partir dali, a protagonista nunca mais seria a mesma. Ou então notar que, naquele momento Adèle se torna ainda mais próxima de nós - não há mais tabu -. A imagem ali pulsa, cheira, fala, tem textura e explode.

    E é assim que o filme se constrói durante suas três horas de duração. Adèle se autodescobre passo a passo. De garota que não sabia o que fazer da vida no final do ano, até mulher com objetivos profissionais traçados. De garota que tentava se adaptar aos padrões sociais, até mulher que busca sua própria felicidade. De garota que tinha nojo de frutos do mar, até mulher que se delicia com ostras. Ela desbravou mundos diferentes, conheceu coisas novas, ela viveu. Esta foi (e é) a vida de Adèle, que ainda não acabou - já que estamos nos tais capítulos 1 e 2 -. Se a Trilogia das Cores de Krzysztof Kieslowski já dizia que a liberdade é azul; Adèle nos conta que, além disso, azul é a cor mais quente.

Nota 9/10