sábado, 25 de janeiro de 2014

Análise - Expectativas para 2014

10. Big Eyes

    Tim Burton em um drama de baixo orçamento, sem Johnny Depp e sem Helena Bonham Carter. Gente??? Espero que isso seja suficiente para quebrar essa série catastrófica (em filmes live action) na qual Burton se enfiou. O enredo é sobre a pintora Margaret Keane (Amy Adams, de "O Vencedor") que luta no tribunal contra seu marido (Christoph Waltz, de "Bastardos Inglórios"), o qual alega ser o verdadeiro criador dos famosos retratos de crianças com olhos grandes e assustadores que fizeram a fama de Margaret.

Estreia holandesa (?): 28 de agosto.

9. X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

    A união do novo e do velho elenco de X-Men em um só filme, ou seja, a união de "X-Men: Primeira Classe" com a trilogia "X-Men" da década passada. Bryan Singer retorna à franquia num filme que ou será uma total bagunça ou uma obra memorável e foca na volta de Wolverine ao passado para impedir a ocorrência de eventos que serão catastróficos para mutantes e humanos. No enorme elenco, Ian McKellen ("O Senhor dos Anéis"), Hugh Jackman ("Os Miseráveis"), Michael Fassbender ("Shame"), Halle Berry ("A Viagem"), Jennifer Lawrence ("Inverno da Alma"), Ellen Page ("Juno"), Peter Dinklage ("Game of Thrones") e James McAvoy ("O Último Rei da Escócia").

Estreia brasileira: 23 de maio.

8. Transcendence

    O diretor de fotografia de Christopher Nolan (Wally Pfister) se aventurando no mundo da direção com roteiro de um também estreante nas funções, Jack Plagen. Entretanto o longa vem chamando bastante atenção, principalmente pelo argumento, e atraiu minha curiosidade. Will (Johnny Depp, de "Edward Mãos de Tesoura") é um cientista que, ao morrer, tem sua mente transferida para um computador. Completam o elenco Morgan Freeman ("Menina de Ouro"), Rebecca Hall ("Atração Perigosa"), Cillian Murphy ("A Origem") e Kate Mara ("127 Horas").

Estreia brasileira: 18 de abril.

7. RoboCop: A Origem

    Definitivamente estou com um interesse especial pela estreia do brasileiro José Padilha ("Tropa de Elite") em Hollywood. Ainda mais por ser numa produção tão grande e um remake de uma clássico do cinema de ação. A história de Ryan Murphy (Joel Kinnaman, de "The Killing"), o RoboCop, tem em seu elenco nomes como Gary Oldman ("Batman Begins"), Samuel L. Jackson ("Pulp Fiction: Tempo de Violência") e Michael Keaton ("Batman").

Estreia brasileira: 21 de fevereiro.

6. Vidas ao Vento

    A despedida do mestre japonês da animação, Hayao Miyazaki ("A Viagem de Chihiro"), da carreira de diretor não poderia ficar de fora. O filme conta a história do homem que criou os aviões usados pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Julgando-se pelo belo trailer, vem coisa boa por aí.

Estreia brasileira: 21 de fevereiro.

5. The Grand Budapest Hotel

    Depois do fofíssimo e lindíssimo "Moonrise Kingdom", o diretor Wes Anderson trará a amizade entre um gerente de hotel (Ralph Fiennes, de "O Leitor") e um jovem empregado (o estreante Tony Revolori), os quais se colocam em várias situações problemáticas, como uma disputa por uma herança familiar e o roubo de uma obra de arte. No elenco, Jude Law ("Sherlock Holmes"), Léa Seydoux ("Azul é a Cor Mais Quente"), Tilda Swinton ("Precisamos Falar Sobre o Kevin"), Bill Murray ("Encontros e Desencontros"), Edward Norton ("Clube da Luta"), Adrien Brody ("O Pianista"), Willem Dafoe ("Homem-Aranha") e Harvey Keitel ("Cães de Aluguel").

Estreia brasileira: 4 de abril.

4. Sin City: A Dame to Kill For

    Esse filme existe ou virou lenda? Era para sair no ano passado, está previsto para agosto e nada de trailer, nada de teaser. Alguém deve ter cortado as asinhas do Robert Rodriguez depois de "Machete Mata", né... Enfim, continuo muito ansioso para a sequência do ótimo "Sin City: A Cidade do Pecado", que ainda não teve muitos detalhes da história revelados. No elenco cheio de estrelas, Joseph Gordon-Levitt ("A Origem"), Bruce Willis ("O Sexto Sentido"), Eva Green ("Os Sonhadores"), Jessica Alba ("Quarteto Fantástico"), Mickey Rourke ("O Lutador"), Josh Brolin ("Onde os Fracos Não Têm Vez") e Ray Liotta ("Os Bons Companheiros").

Estreia brasileira: 26 de setembro.

3. Gone Girl

    David Fincher ("A Rede Social") volta a realizar uma adaptação cinematográfica de um best-seller após o sucesso com "Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres". Desta vez é "Gone Girl", de Gillian Flynn, sobre o misterioso desaparecimento de uma mulher no dia de seu aniversário de casamento. Ben Affleck ("Argo") e Neil Patrick Harris ("How I Met Your Mother") estão no time de atores.

Estreia brasileira: 3 de outubro.

2. Noé

    Qualquer coisa que Darren Aronofsky escolhesse dirigir após "Cisne Negro" teria toda a minha atenção e ansiedade. E uma superprodução sobre a história bíblica de Noé não deixa de ser uma opção interessante. Estão no elenco, Russell Crowe ("Gladiador"), Anthony Hopkins ("O Silêncio dos Inocentes"), Jennifer Connelly ("Réquiem Para um Sonho"), Logan Lerman ("As Vantagens de Ser Invisível") e Emma Watson (da franquia "Harry Potter").

Estreia brasileira: 4 de abril.

1. Interstellar

    Mais um diretor retornando às telas após um grande filme: Christopher Nolan, de "A Origem", que volta à direção após finalizar sua trilogia do Batman. Obviamente se trata de uma ficção científica que envolve buracos negros, viagens no tempo e tudo que o gênero tem direito. Será que Nolan conseguirá manter o nível? Na lista de atores e atrizes, Matthew McConaughey ("Clube de Compras Dallas"), Anne Hathaway ("Os Miseráveis"), Jessica Chastain ("A Hora Mais Escura"), Michael Caine ("Hannah e Suas Irmãs") e Ellen Burstyn ("Réquiem Para um Sonho").

Estreia brasileira: 7 de novembro.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Previsão - Grammy 2014

    No próximo domingo (26), em Los Angeles, acontece a cerimônia do Grammy. Tudo muito legal, tudo muito lindo e aqui vão minhas apostas para a noite. Em negrito e grifado, os mais prováveis vencedores; com (R) na frente, os runner-ups; já com um (F) na frente, o preferido da pessoa que vos escreve.

ÁLBUM DO ANO



"Good Kid, M.A.A.D. City" - Kendrick Lamar
"Random Access Memories" - Daft Punk (R)
"The Blessed Unrest" - Sara Bareilles
"The Heist" - Macklemore & Ryan Lewis (F)
"Red" - Taylor Swift







CANÇÃO DO ANO



"Just Give Me A Reason" - P!nk (feat. Nate Ruess)
"Locked Out Of Heaven" - Bruno Mars (R)
"Roar" - Katy Perry
"Royals" - Lorde
"Same Love" - Macklemore & Ryan Lewis (F)








SINGLE DO ANO



"Get Lucky" - Daft Punk (feat. Pharrell Williams) (F)
"Radioactive" - Imagine Dragons
"Royals" - Lorde
"Locked Out Of Heaven" - Bruno Mars
"Blurred Lines" - Robin Thicke (feat. T.I. & Pharrell Williams) (R)






ARTISTA REVELAÇÃO


James Blake
Kendrick Lamar (R)
Macklemore & Ryan Lewis (F)
Kasey Musgraves
Ed Sheeran




MELHOR APRESENTAÇÃO SOLO POP



"Brave" - Sara Bareilles
"Royals" - Lorde
"When I Was Your Man" - Bruno Mars
"Roar" - Katy Perry
"Mirrors" - Justin Timberlake (R) (F)






MELHOR PERFORMANCE POP DE DUO OU DUPLA



"Get Lucky" - Daft Punk (feat. Pharrell Williams) (F)
"Just Give Me A Reason" - P!nk (feat. Nate Ruess) (R)
"Stay" - Rihanna (feat. Mikky Ekko)
"Blurred Lines" - Robin Thicke (feat. T.I. & Pharrell Williams)
"Suit & Tie" - Justin Timberlake (feat. Jay-Z)







MELHOR ÁLBUM VOCAL POP



"Paradise" - Lana Del Rey
"Pure Heroine" - Lorde (F)
"Unorthodox Jukebox" - Bruno Mars (R)
"Blurred Lines" - Robin Thicke
"The 20/20 Experience - The Complete Experience" - Justin Timberlake






MELHOR CANÇÃO DE DANCE



"Need U (100%)" - Duke Dumont (feat. A*M*E & MNEK)
"Sweet Nothing" - Calvin Harris (feat. Florence Welch) (R) (F)
"Atmosphere" - Kaskade
"This Is What It Feels Like" - Armin Van Buuren (feat. Trevor Guthrie)
"Clarity" - Zedd (feat. Foxes)





MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA ELETRÔNICA/DANCE



"Random Access Memories" - Daft Punk (F)
"Settle" - Disclosure
"18 Months" - Calvin Harris (R)
"Atmosphere" - Kaskade
"A Color Map Of The Sun" - Pretty Lights







MELHOR APRESENTAÇÃO DE ROCK



"Always Alright" - Alabama Shakes
"The Stars (Are Out Tonight)" - David Bowie
"Radioactive" - Imagine Dragons (F)
"Kashmir" - Led Zeppelin (R)
"My God Is The Sun" - Queens Of The Stone Age
"I'm Shakin" - Jack White






MELHOR CANÇÃO DE ROCK


"Ain't Messin 'Round" - Gary Clark Jr., songwriter (Gary Clark Jr.)
"Cut Me Some Slack" - Dave Grohl, Paul McCartney, Krist Novoselic & Pat Smear, songwriters (Paul McCartney, Dave Grohl, Krist Novoselic, Pat Smear)
"Doom And Gloom" - Mick Jagger & Keith Richards, songwriters (The Rolling Stones) (R)
"God Is Dead?" - Geezer Butler, Tony Iommi & Ozzy Osbourne, songwriters (Black Sabbath)
"Panic Station" - Matthew Bellamy, songwriter (Muse) (F)



MELHOR ÁLBUM DE ROCK



"13" - Black Sabbath
"The Next Day" - David Bowie (F)
"Mechanical Bull" - Kings Of Leon
"Celebration Day" - Led Zeppelin (R)
"...Like Clockwork" - Queens Of The Stone Age
"Psychedelic Pill" - Neil Young With Crazy Horse





MELHOR ÁLBUM DE MÚSICA ALTERNATIVA



"The Worse Things Get, The Harder I Fight, The Harder I Fight, The More I Love You" - Neko Case
"Trouble Will Find Me" - The National
"Hesitation Marks" - Nine Inch Nails (R)
"Lonerism" - Tame Impala
"Modern Vampires Of The City" - Vampire Weekend (F)






MELHOR CANÇÃO DE R&B

"Best Of Me" - Anthony Hamilton & Jairus Mozee, songwriters (Anthony Hamilton) (R)
"Love And War" - Tamar Braxton, Darhyl Camper, Jr., LaShawn Daniels & Makeba Riddick, songwriters (Tamar Braxton)
"Only One" - PJ Morton, songwriter (PJ Morton Featuring Stevie Wonder)
"Pusher Love Girl" - James Fauntleroy, Jerome Harmon, Timothy Mosley & Justin Timberlake, songwriters (Justin Timberlake) (F)
"Without Me" - Fantasia Barrino, Missy Elliott, Al Sherrod Lambert, Harmony Samuels & Kyle Stewart, songwriters (Fantasia Featuring Kelly Rowland & Missy Elliot)




MELHOR ÁLBUM DE R&B



"R&B Divas" - Faith Evans
"Girl On Fire" - Alicia Keys (F)
"Love In The Future" - John Legend (R)
"Better" - Chrisette Michele
"Three Kings" - TGT






MELHOR PERFORMANCE DE RAP



"Started From The Bottom" - Drake
"Berzerk" - Eminem
"Tom Ford" - Jay Z
"Swimming Pools (Drank)" - Kendrick Lamar (R)
"Thrift Shop" - Macklemore & Ryan Lewis Featuring Wanz (F)







MELHOR COLABORAÇÃO DE RAP




"Power Trip" - J. Cole Featuring Miguel
"Part II (On The Run)" - Jay Z Featuring Beyoncé
"Holy Grail" - Jay Z Featuring Justin Timberlake (F)
"Now Or Never" - Kendrick Lamar Featuring Mary J. Blige (R)
"Remember You - Wiz Khalifa Featuring The Weeknd





MELHOR CANÇÃO DE RAP
"F***in' Problems" - Tauheed Epps, Aubrey Graham, Kendrick Lamar, Rakim Mayers & Noah Shebib, songwriters (ASAP Rocky Featuring Drake, 2 Chainz & Kendrick Lamar)
"Holy Grail" - Shawn Carter, Terius Nash, J. Harmon, Timothy Mosley, Justin Timberlake & Ernest Wilson, songwriters (Kurt Cobain, Dave Grohl & Krist Novoselic, songwriters) (Jay Z Featuring Justin Timberlake) (R)
"New Slaves" - Christopher Breaux, Ben Bronfman, Mike Dean, Louis Johnson, Malik Jones, Elon Rutberg, Sakiya Sandifer, Che Smith, Kanye West & Cydell Young, songwriters (Anna Adamis & Gabor Presser, songwriters) (Kanye West)
"Started From The Bottom" - W. Coleman, Aubrey Graham & Noah Shebib, songwriters (Bruno Sanfilippo, songwriter) (Drake)
"Thrift Shop" - Ben Haggerty & Ryan Lewis, songwriters (Macklemore & Ryan Lewis Featuring Wanz) (F)

MELHOR ÁLBUM DE RAP




"Nothing Was The Same" - Drake
"Magna Carta...Holy Grail" - Jay Z
"Good Kid, M.A.A.D City" - Kendrick Lamar (R)
"The Heist" - Macklemore & Ryan Lewis (F)
"Yeezus" - Kanye West







MELHOR ÁLBUM COUNTRY



"Night Train" - Jason Aldean
"Two Lanes of Freedom" - Tim McGraw
"Same Trailer Different Park" - Kacey Musgraves (R)
"Based on a True Story" - Blake Shelton
"Red" - Taylor Swift (F)






MELHOR CLIPE DO ANO


“Safe And Sound” - Capital Cities (F)
“Picasso Baby: A Performance Art Film" - Jay Z
“Can’t Hold Us” - Macklemore & Ryan Lewis Featuring Ray Dalton (R)
“Suit & Tie” - Justin Timberlake Featuring Jay Z
“I’m Shakin’” - Jack White








MELHOR DISCO DE TRILHA SONORA PARA MÍDIA VISUAL



"Django Livre" - Quentin Tarantino (F)
"O Grande Gatsby" - Baz Luhrmann
"Os Miseráveis" - Cameron Mackintosh, Lee McCutcheon & Stephan Metcalfe
"Muscle Shoals" - Stephan Badger & Greg Camalier
"Sound City" - Butch Vig (R)







MELHOR TRILHA SONORA PARA MÍDIA VISUAL



"Argo" - Alexandre Desplat
"O Grande Gatsby" - Craig Armstrong
"As Aventuras de Pi" - Mychael Danna (F)
"Lincoln" - John Williams
"007: Operação Skyfall" - Thomas Newman (R)
"A Hora Mais Escura" - Alexandre Desplat





MELHOR MÚSICA COMPOSTA PARA MÍDIA VISUAL



“Atlas” – Coldplay
“Silver Lining” – Jessie J
“Skyfall” – Adele (F)
“We Both Know” – Colbie Caillat Feat. Gavin DeGraw
“Young And Beautiful” – Lana Del Rey (R)
“You’ve Got Time” – Regina Spektor


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Crítica - Sherlock (Segunda Temporada)


    Duas semanas após meu texto sobre a primeira temporada de Sherlock, vamos falar sobre a segunda. Seu primeiro episódio, "A Scandal in Belgravia", se inicia exatamente onde a temporada anterior terminou - não colocarei spoilers, mas garanto que ela terminou de forma muito tensa, ok? -. Só que, então, um banho de água fria. Toda aquela tensão se resolve rapidamente - em segundos - e o episódio se foca em um enredo totalmente inesperado. Uma surpresa muito bem-vinda, visto que este seria o melhor episódio da série até então.

    Nele, enfim, conhecemos Irene Adler (Lara Pulver), uma personagem tão interessante - e inteligente - quanto Holmes. O embate mental entre ela e o detetive sempre foi uma das coisas mais interessantes nos livros e na série não foi diferente. Pena que ela apenas apareça neste episódio durante a temporada - e ainda bem que retorna para a terceira temporada -.

    O filme seguinte da série se tratou nada mais, nada menos, do que de uma adaptação do talvez mais famoso livro de Sherlock Holmes, "The Hounds of Baskerville". Aqui, como não poderia deixar de ser, um ar de terror e suspense reina. É até interessante notar como os seus realizadores conseguiram realizar de forma tão natural a transição entre um primeiro episódio mais próximo do gênero "policial" para um segundo que se posiciona muito mais no "suspense". Entretanto, mais uma vez, há de se ressaltar que a série cai um degrau em seu segundo filme da temporada. Apesar de adaptar uma história tão famosa, o episódio não chega nem perto da qualidade do seu predecessor quanto à narrativa.

    E aí, então, o finale. É quase que indescritível o que aconteceu com meu coração neste episódio. Foi como entrar em estado de choque, trabalho de parto, êxtase, tudo junto. O aguardado embate final entre Holmes e Moriarty, num enredo construído nos mínimos detalhes, em crescente tensão. A humanização de Holmes, que foi trabalhada em toda a temporada, ganha contornos épicos, num episódio digno de aplausos. E um final que não há nem como descrever.

    Se, como aqui exposto, nesta nova sequência de filmes, "Sherlock" deu um salto em sua já excelente qualidade narrativa; todo o resto de sua produção também se comportou de forma semelhante. As interpretações estão sensacionais - com destaque para a dupla de protagonistas Benedict Cumberbatch e Martin Freeman, além, é claro, dos coadjuvantes como um todo. Destaques para Lara Pulver, Andrew Scott e Louise Brealey.

    Na parte técnica, a montagem ganha ainda mais traços modernos - como com os textos flutuantes na imagem -, o que amplia ainda mais a agilidade e fluidez da série. Direção de arte e fotografia também merecem elogios, principalmente pelo segundo episódio "The Hounds of Baskerville", em que a ambientação de terror e suspense chega a níveis cinematográficos de excelência (na verdade, dá de mil em 99% dos filmes por aí).

    Depois dessa temporada maravilhosa, só nos restou aguardar para descobrir de que forma os roteiristas amarrariam todas as pontas soltas deixadas por ela em seu final.

Nota 9/10

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Crítica - Ninfomaníaca: Volume 1


    Muito se falou neste filme antes de seu lançamento. Criou-se toda uma expectativa em torno dele. É até estranho notar que mesmo pessoas que não são muito ligadas ao mundo do cinema já ouviram falar do longa (e inclusive pretendem assisti-lo). Quando seu diretor, Lars Von Trier, que já não é nem um pouco alheio à polêmica, anunciou que faria um filme sobre uma ninfomaníaca, a curiosidade foi instantânea. Von Trier já é conhecido pelos cinéfilos como um diretor despudorado e que tem como característica de seus filmes o fato de estes serem, em grande parte, chocantes (e nisso há quem veja uma qualidade ou um defeito).

    De "Dogville" à "Melancolia", passando por "Dançando no Escuro", "Anticristo" e "Manderlay" - isso para citar seus longas mais conhecidos -, Von Trier sempre mostrou seu cinema de forma clara e sem pudor, o que - querendo ou não - sempre gerou polêmica em meio aos espectadores (nós não estamos exatamente acostumados a ver órgãos genitais ou cenas de sexo em close nas sessões de cinema por aí, né?). Um filme sobre uma ninfomaníaca parecia uma carta branca para Von Trier fazer todas as suas estripulias e ainda ampliá-las. Mas eis que ele nos surpreende novamente.

    Talvez, é claro, esta nossa análise esteja deveras prejudicada pela censura que o filme sofreu em sua fase de produção (cerca de uma hora do filme foi cortada) e pela divisão em dois volumes (o segundo sai em março, no Brasil). Entretanto, é o material que recebemos - e é o material que Von Trier aceitou entregar -. E ele, nem de longe, é seu material mais chocante ou polêmico (este posto ainda pertence a "Anticristo", com toda a certeza). Na verdade, se trata de um filme bem-comportado, em que tudo na tela se mostra justificável pela trama e nada excessivo.

    No longa, Joe (Charlotte Gainsbourg, de "21 Gramas") é uma mulher de 50 anos que é resgatada da rua por Seligman (Stellan Skarsgård, de "Thor"). Ao observar o estado deplorável em que a mulher se encontra, o homem se interessa por saber o que houve com ela. A partir daí, Joe começa a contar suas experiências a ele. Neste primeiro volume, ela ainda é uma jovem (interpretada pela estreante Stacy Martin) e sua ninfomania começa a ser delineada, desde a perda de sua virgindade até o momento em que ela chega a transar com dez homens por noite.

    Um dos principais méritos narrativos do filme é conseguir colocar uma certa leveza ao tema, que por si só já é tão pesado. "Ninfomaníaca" é um dos filmes mais bem-humorados do diretor dinamarquês e chega a ser impressionante a quantidade de momentos em que todo o público da sala de exibição ri. Isso, aliado aos roteiros já normalmente envolventes e bem estruturados de Von Trier, atrai o espectador. Maior evidência disso é a decepção quando o filme subitamente termina, posto que teremos que esperar dois meses para descobrirmos o que houve com Joe para que ela chegasse ao fundo do poço onde está. São duas horas de filme que passam muito rápido.

    Não se pode deixar de mencionar, claro, outros grandes destaques do filme: a direção precisa de Von Trier - que desta vez faz uso de uma câmera bem mais "fixa", o que até causa estranheza aos já habituados às típicas chacoalhadas na imagem geradas pelo uso da câmera na mão -; a excelente direção de fotografia de Manuel Alberto Claro; as ótimas atuações (até Shia LaBeouf está bem), com ênfase no excelente trabalho da estreante Stacy Martin e de Uma Thurman que, em uma única cena, faz a melhor atuação de toda a sua carreira.

    Todavia, "Ninfomaníaca" possui um problema que praticamente não é culpa do filme: é uma mera introdução, uma obra incompleta. A sensação de que está faltando alguma coisa é latente ao fim da sessão e mesmo em outras obras que já foram divididas em partes, como o último filme da franquia "Harry Potter", isso não apareceu de forma tão forte. O fim abrupto do longa representa muito bem isso e demonstra como foi um grande erro dividi-lo. A ninfomania de Joe aqui é apenas apresentada, delineada, como se fosse um esboço; e quando parecia que entraríamos com mais profundidade naquela personagem (pois é isto que "Ninfomaníaca" é: um estudo de personagem), o longa termina.

    É decepcionante, claro, mas não tira de forma nenhuma a eficiência do longa e sua qualidade narrativa e técnica. Fica até difícil mensurar uma nota ao filme, posto que nada mais é do que uma introdução - maravilhosamente bem realizada, é verdade -, mas ainda uma introdução. Talvez a ansiedade em que estou pelo segundo volume, seja o maior elogio que eu possa fazer a "Ninfomaníaca" e um atestado de sua competência.

Nota 8/10