quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Novidades da Semana (21/12 - 27/12)

    Mais uma semana se passou, e essa seção de posts está de volta. Como já era esperado, não aconteceu muita coisa durante essa semana devido ao Natal e à proximidade do Ano Novo. Então, lá vai...


    TRAILERS


    Nessa semana foram liberados dois trailers que eu achei interessante mostrar: o de ''The Impossible'' e o de ''Anjos da Noite: O Despertar''. O primeiro, é um drama espanhol (mas que conta com a linda da Naomi Watts) sobre a história de uma família em férias na Tailândia, em 2004, presenciando um tsunami (baseado em fatos reais). O segundo, é o quarto filme dessa série sobre vampiros e lobisomens, que se já cansou muitos (como eu), parece ainda ter seus fãs por aí.


                                               Trailer - ''The Impossible''


                                      Trailer - ''Anjos da Noite: O Despertar''


    IMAGENS


    Foram divulgadas também algumas imagens da nova produção dos irmãos Wachowski (de ''Matrix'' e ''V de Vingança''), a ficção científica ''Cloud Atlas''. Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Susan Sarandon e Jim Broadbent fazem parte do elenco.
    Ambas as imagens são uma visão da cidade de Seul, na Coreia do Sul, no ano de 2144.





    BILHETERIAS (EUA)


    Nas bilheterias norte-americanas, como esperado, a liderança ficou com o novo filme da franquia ''Missão: Impossível'' (crítica aqui). Nos segundo e terceiro lugares, ficaram ''Sherlock Holmes 2'' e ''Alvin e os Esquilos 3''. Já as estreias da semana, só aparecem depois do quarto lugar, com o novo filme David Fincher arrecadando um valor baixo já esperado pelo conteúdo adulto do filme; em seguida, a surpresa, o filme de Steven Spielberg sobre Tintim com uma abertura decepcionante.
    O filme ''Compramos um Zoológico'' foi mais uma das estreias e ficou na sexta posição. Os demais já figuravam nas listas das semanas anteriores.






1 - Missão: Impossível – Protocolo Fantasma - $ 26.535.000 (arrecadação total: $ 58.970.000)
2 – Sherlock Holmes 2: O Jogo de Sombras - $ 17.800.000 ($ 76.554.000)
3 – Alvin e os Esquilos 3 - $ 13.325.000 ($ 50.265.000)
4 – Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres - $ 13.000.000 ($ 21.400.000)
5 – As Aventuras de Tintim – O Segredo do Licorne - $ 9.125.000 ($ 17.132.000)
6 – Compramos um Zoológico - $ 7.800.000 ($ 7.800.000)
7 – Noite de Ano Novo - $ 3.005.000 ($ 32.342.000)
8 – Operação Presente - $ 2.700.000 ($ 44.200.000)
9 – A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 – $ 2.100.000 ($ 270.900.000)
10 – A Invenção de Hugo Cabret - $ 2.025.000 ($ 43.652.000)


    LISTA - MAIORES FRACASSOS DE 2011

    Fim de ano, você já sabe, listas e mais listas sobre os filmes do ano. Nessa semana o Hollywood Reporter divulgou uma bem interessante, sobre os  fracassos de bilheteria do ano.
    É importante lembrar que para um filme ''se pagar'', ele precisa arrecadar no mínimo o dobro de seu orçamento, já que metade dos valores arrecadados no cinema fica com a rede distribuidora (Cinemark etc.). Além disso, há o valor gasto em marketing, não incluído no orçamento. Os dez mais:


1- ''Marte Precisa de Mães'' - Orçamento: US$ 150 milhões; Arrecadação: US$ 39 milhões (Zemeckis, volte para o live-action)

2- ''The Big Year'' - Orçamento: US$ 41 milhões; Arrecadação: US$ 7,4 milhões 

3- ''Diário de Um Jornalista Bêbado'' - Orçamento: US$ 45 milhões; Arrecadação: US$ 21,6 milhões  (Depp, cuide melhor da sua carreira)

4- ''Anônimo'' - Orçamento: US$ 30 milhões; Arrecadação: US$ 14 milhões

5- ''Conan - O Bárbaro'' - Orçamento: US$ 90 milhões; Arrecadação: US$ 48,8 milhões

6- ''Happy Feet 2'' - Orçamento: US$ 135 milhões; Arrecadação: US$ 115 milhões

7- ''Lanterna Verde'' - Orçamento: US$ 200 milhões; Arrecadação: US$ 219 milhões

8- ''Cowboys & Aliens'' - Orçamento: US$ 163 milhões; Arrecadação: US$ 178,8 milhões

9- ''Sucker Punch - Mundo Surreal'' - Orçamento: US$ 82 milhões; Arrecadação: US$ 89, 8 milhões

10- ''Arthur - O Milionário Irresistível'' - Orçamento: US$ 40 milhões; Arrecadação: US$ 45,7 milhões

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Crítica - Tudo Pelo Poder



    George Clooney é conhecidíssimo entre o público pelo seu lado ator, com participações por exemplo na série ''ER'' e no filme ''Onze Homens e um Segredo''. Entretanto, ele também dá as cartas como diretor (e roteirista) de tempos em tempos, realizando, por exemplo, o bom ''Boa Noite e Boa Sorte'', em 2005. Seu último filme como diretor, ''O Amor Não Tem Regras'', pode ter sido fraco, todavia ele parece ter voltado à qualidade com ''Tudo Pelo Poder'' (e também às indicações a premiações, como pelo filme de 2005).


    O cenário dessa vez é a política norte-americana, que se nunca deixa de ser exatamente ''atual'', se mostra mais importante nos últimos tempos devido à crise econômica. O ponto de vista é o do jovem assessor de imprensa Stephen Myers (Ryan Gosling), que trabalha para um dos candidatos democratas à presidência, Mike Morris (George Clooney). Stephen não só promove a campanha de Mike, como também acredita que certamente ele, caso eleito, mudará o seu país para melhor: além de funcionário, é, portanto, um eleitor esperançoso do candidato.


    Porém, toda essa crença de Stephen se desconstrói aos poucos, enquanto ele vai descobrindo os planos de seu candidato (e de seu adversário), além das próprias armações existentes dentro do comitê de Mike. Uma das coisas que diferencia o filme é que ele mostra o embate entre dois candidatos democratas durante a prévia de seu partido para a presidência. A teórica unidade política que deveria existir é praticamente nula, se assemelhando ao conflito contra os rivais republicanos. Não que isso seja exatamente original ou desconhecido do público, mas faz pensar: se há tudo isso durante prévias partidárias, quão sujos são os bastidores do duelo principal pela presidência?


    As armadilhas estão por toda parte, dentro da sua candidatura, da rival, colocadas pela imprensa... E Stephen, mesmo não sendo ingênuo, parecia acreditar que não andava em um campo tão espinhoso: mesmo estrategista, não deixava de ser um gentleman e sincero (Morris perguntar suas chances em certo estado a ele, e não a outro assistente superior, por saber que ele diria quais eram elas exatamente, ilustra bem). Se no começo do filme essa era a sua diferença em relação ao personagem de Philip Seymour Hoffman, Paul Zara, também assistente de Morris; as suas semelhanças com o tal parecem se realçar a cada minuto passado do longa. Isso para não compará-lo a Tom Duffy, interpretado por Paul Giamatti, estrategista do candidato adversário.


    Por falar em tantos atores, as interpretações, de modo geral, estão ótimas. Philip Seymour Hoffman é um grande ator, e mostra isso aqui também; Paul Giamatti, idem; George Clooney dá o charme necessário ao seu candidato Morris, bem correto; Evan Rachel Wood dá veracidade à sua personagem, a estagiária Molly; e Marisa Tomei é eficiente como a jornalista Ida. Entretanto, o grande destaque é Ryan Gosling, que leva o difícil personagem Stephen muito bem, levando a desconstrução dele a um nível ainda mais forte.


    O roteiro escrito por Grant Heslov e Clooney é maravilhoso, cheio de camadas e de críticas, desde as mais básicas e visíveis colocadas na trama central, até as que para melhor entendimento é necessário saber um pouco sobre política americana, como a sub-trama da personagem Molly: muito importante para a história e sua resolução, mas que pode parecer superficial para quem não sabe o ponto de vista democrata para o que estava ocorrendo. A direção de Clooney também é segura, guardando algumas sequências belíssimas e tomadas eficazes.


    Um filme corretíssimo, aparentemente merecedor das quatro indicações ao Globo de Ouro e de seu certo favoritismo a algumas também no Oscar (Ryan Gosling, por favor!). Um retrato interessante, poderoso e eficaz da política e que parece que elevará Clooney à promissor diretor novamente.         Nota: 8/10


 P.S.: Para quem gosta da série ''24 Horas'', uma participação especial de Gregory Itzin (o Charles Logan do seriado) é mais do que especial e ''irônica''. 

Crítica - Missão: Impossível - Protocolo Fantasma

    A série ''Missão: Impossível'' pode se orgulhar de, mesmo após quatro filmes, não ter perdido qualidade na maioria deles. Isso porque o original, dirigido por Brian DePalma (de ''Scarface'' e ''Carrie - A Estranha''), é um ótimo filme de ação abrilhantado pelo talento do diretor; o segundo de John Woo (de ''Bala na Cabeça''), mesmo que o mais fraco, ainda mantém força em divertir; já o terceiro, dirigido por J. J. Abrams (de ''Star Trek'' e da série ''Lost''), guarda suas qualidades por ter o melhor roteiro de todos, mantendo a contínua diversão. Todo esse sucesso pode ser explicado pelos bons diretores que por ela passaram, principalmente DePalma e Abrams, e eles ganharam uma companhia no mínimo interessante: Brad Bird (de ''Os Incríveis'' e ''Ratatouille'').


    O diretor, vencedor de dois Oscars, fez o caminho contrário de Robert Zemeckis (de ''Forrest Gump'') e deixou o campo das animações para se aventurar em seu primeiro live-action. E mostrou ter talento ao fazer ótimas sequências em cenas de ação e de tensão, sendo que a melhor delas fica à cargo de quando Ethan Hunt está escalando o Burj Khalifa, o maior prédio do mundo, um momento que no mínimo causa vertigem. 


    A história é a seguinte: o agente da IMF Ethan Hunt (Tom Cruise) cai em uma armadilha e é acusado de bombardear o Kremlin (sede do governo russo), e por isso é desautorizado pelo governo norte-americano, como toda a agência, após o presidente emitir o tal do ''Protocolo Fantasma''. Só que Ethan, mesmo com apoio de apenas outros três agentes fugitivos, precisa impedir que um extremista inicie uma série de movimentos que culminaria numa Guerra Nuclear. Esse roteiro, assinado por Josh Appelbaum e André Nemec, delimita a qualidade do filme quase que totalmente.


    A megalomania e furos da história (e a falta de ''choque de realidade'' em sua criação) fazem com que o filme nunca chegue a brilhar (e até fazer sentido) constantemente, o que apenas ocorre durante algumas cenas de ação (a maioria delas na parte de Dubai, ou seja, no meio do filme) e quando os tecnológicos instrumentos da equipe de Ethan entram em campo (um deles, usado no Kremlin, é divertidíssimo). Todos esses bons momentos também só aparecem devido à direção de Brad Bird, à eficiente montagem de Paul Hirsch e aos bons atores. Vamos falar sobre eles.


    Tom Cruise volta ao seu personagem dos filmes anteriores ainda mais carismático, Jeremy Renner surpreende (ainda mais a mim, que não gosto dele) com uma boa atuação, sem canastrice, e o humorista Simon Pegg também está eficiente; as piadas do roteiro apenas funcionam, na maioria das vezes, por causa desses três (e é importante lembrar que a maioria dos momentos de humor foram muito bem bolados, nada forçados). Paula Patton, a última integrante do quarteto, não convence por inteiro, tal qual o vilão de Michael Nyqvist.


    A conhecidíssima trilha está lá, presente nos momentos mais importantes, e os efeitos visuais são bons; destaques de uma boa parte técnica. E é isso que o filme é: divertido e emocionante nas cenas de ação, entretanto banal em sua história principal, que está ali apenas para que as boas sequências aconteçam. Para os próximos filmes, melhores roteiristas podem elevar a série ao um nível mais alto. Nota: 7/10



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Novidades da Semana (14/12 - 20/12)

    Bom, para o post de hoje vou ''inaugurar'' mais uma seção. Se trata de um resumo do que aconteceu de mais importante nos últimos dias: novos trailers, atualizações de bilheteria, novos pôsters, estreias do fim de semana etc.
    
    TRAILERS

    Nos últimos dias fomos bombardeados com trailers dos dois filmes mais esperados do ano que vem: ''O Hobbit'' e ''O Cavaleiro das Trevas Ressurge''. Também foi divulgado, com muito menos pompa (devido ao fracasso do primeiro filme), o de ''Fúria de Titãs 2''. Além de claro, as três prévias do de ''Prometheus'', que será oficialmente lançado completo amanhã. Aqui vão eles, respectivamente:

                                                                       ''O Hobbit'' - Trailer

                                                     ''O Cavaleiro das Trevas Ressurge'' - Trailer

                                                                    ''Fúria de Titãs 2'' - Trailer

                                                             ''Prometheus'' - Trailer Preview #2

     CARTAZES

    Também foram divulgados dois cartazes dignos de nota: o da nova animação da Dreamworks, ''Rise of the Guardians'', um filme que reúne o Papai Noel, o Coelho da Páscoa, a Fada do Dente e Jack Frost contra o Bicho Papão; e o de ''Chronicle'', que conta a história de três adolescentes inconsequentes que ganham superpoderes. Aí vai:

                                                           ''Rise of the Guardians'' - Pôster

''Chronicle'' - Pôster

    BILHETERIAS (EUA)

    Nas bilheterias americanas, o primeiro lugar ficou com a estreia do segundo longa sobre o detetive Sherlock Holmes, dirigido por Guy Ritchie, que ainda assim abriu com 20 milhões a menos que o filme anterior há dois anos. Já a segunda posição ficou com mais uma estreia, ''Alvin e os Esquilos 3''. Entretanto o grande destaque foi para o novo filme da série Missão Impossível, que mesmo estreando em um circuito limitado de apenas salas IMAX, já fez 13 milhões. Deve estourar nesse final de semana. Segue o Top 10 completo:

1 – Sherlock Holmes 2: O Jogo de Sombras - $ 40.020.000 (arrecadação total: $ 40.020.000)
2 – Alvin e os Esquilos 3 - $ 23.500.000 ($ 23.500.000)
3 - Missão: Impossível – Protocolo Fantasma - $ 13.000.000 ($ 13.600.000)
4 – Noite de Ano Novo - $ 7.420.000 ($ 24.826.000)
5 – The Sitter - $ 4.400.000 ($ 17.721.000)
6 – A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 – $ 4.300.000 ($ 266.400.000)
7 – Jovens Adultos - $ 3.650.000 ($ 4.090.000)
8 – A Invenção de Hugo Cabret - $ 3.625.000 ($ 39.073.000)
9 – Operação Presente - $ 3.600.000 ($ 38.547.000)
10 – The Muppets – $ 3.454.000 ($ 70.928.000)


     ESTREIAS E NOVIDADES NAS LOCADORAS
   

    Já nos cinemas brasileiros, os destaques do final de semana de Natal devem ser as estreias de ''Tudo pelo Poder'', forte candidato na temporada de premiações, e ''Missão: Impossível - Protocolo Fantasma''. 
    Enquanto isso, nas locadoras, as minhas dicas ficam com meu amado ''Melancolia'', dirigido pelo fantástico Lars Von Trier; e ''Planeta dos Macacos - A Origem'', dos melhores blockbusters do ano. Também chegam nas lojas: ''Capitão América: O Primeiro Vingador'', ''Professora Sem Classe'', ''Se Beber, Não Case! Parte 2'', ''Lanterna Verde'', entre outros.

    


    






GLOBO DE OURO 2012


    Também nos últimos dias foram anunciados os indicados para segunda premiação mais importante do cinema, o Globo de Ouro. As indicações foram lideradas pelo longa ''O Artista'', com seis; seguido por ''Histórias Cruzadas'' e ''Os Descendentes'', com cinco; e com quatro, ''Tudo Pelo Poder'' e ''Meia Noite em Paris''. Os destaques negativos ficaram para ''Tão Forte e Tão Perto'' e ''A Árvore da Vida'', que saíram sem qualquer indicação e enfraquecidos.
    A lista completa de indicações no link do site oficial do Globo de Ouro. É só clicar.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Crítica - A Viagem de Chihiro

 
    No Oscar de 2001 muitos se surpreenderam com uma animação japonesa sendo indicada (e ganhando) o prêmio de Melhor Filme de Animação, superando os longas lançados pelos grandes estúdios ocidentais: Pixar, Disney e DreamWorks. E a partir daí o nome de Hayao Miyazaki e de seu estúdio Ghibli, antes desconhecidos no Ocidente, viraram celebridades no mundo do cinema. E a ''culpa'' de tudo isso é do magnífico ''A Viagem de Chihiro'' (Sen to Chihiro no kamikakushi, 2001).

    Tudo começa com a mimada e amedrontada Chihiro, que está se mudando de cidade, junto de seus pais. Durante a viagem, eles acabam se perdendo e encontram uma espécie de parque de diversões abandonado. Ao explorarem o local, encontram um restaurante, também deserto, porém repleto de comida, e enquanto os seus pais comiam o que tinha ali, Chihiro explorava um pouco mais o local. E aí começa a incursão da garota num mágico e perigoso mundo, que apenas revela sua existência durante a noite.

    Seus pais acabam transformados em porcos, por comerem aquilo, e a menina, ajudada pelo jovem Haku, consegue convencer a megera Yubaba, uma bruxa que comanda aquele ''mundo'', a permitir que ela trabalhe lá, dentro de uma casa de banhos que lá existe. E então, ela começa uma jornada arriscada para salvar seus pais e sair daquele lugar.

    O encanto para com o filme já começa com o deslumbre visual que ele proporciona, uma mistura da cultura japonesa com a criatividade do diretor, que nos mostra um mundo lindo e particular: com bebês gigantes, bruxas com a cabeça maior do que o corpo de um homem, espíritos e dragões. E tudo fica ainda maior com o colorido exagerado (de um jeito bom) que compõe o ambiente do filme, quase todo feito à mão, com pincéis. Enfim, posso continuar falando mil linhas sobre o visual da obra que não conseguirei exemplificar sua beleza completamente.

    E isso tudo ainda se alia à uma brilhante trilha sonora, com canções extremamente emocionantes, e à um roteiro metafórico escrito por Miyazaki. Um roteiro que reúne desde críticas ao capitalismo humano (com o monstro sem face, que de ingênuo no começo, ao entrar na casa de banho se torna um monstro; além da óbvia obsessão por ouro dos personagens), até à falta de identidade (quando Yubaba rouba o nome de Chihiro, que passa a se chamar Sen) e objetivos do homem (Chihiro, ao contrário dos outros trabalhadores, não se mostra satisfeita e quer fugir do local).

    Pode parecer que o filme se perde em alguns momentos, em meio a tantos simbolismos e histórias, e isso realmente acontece durante algum tempo na metade do longa. Entretanto isso não retira nenhum dos méritos de Miyazaki em criar um filme corajoso, belo e adulto; o que ainda não era um costume das animações no início da década.
Nota: 8/10

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crítica - Harry Potter 7.2

 
    Quando foi anunciado, em 2006, após o quarto filme, que um diretor que só tinha no currículo um filme para TV levaria a saga até o seu final, fiquei receoso. Um receio que aumentou ainda mais após o confuso, irregular e problemático quinto filme. Parecia que a série manteria ''Prisioneiro de Azkaban'', de 2004, como seu melhor momento e que ninguém havia aprendido nada com a guinada ''dark side'' que Alfonso Cuarón havia dado ao terceiro longa, muito mais intenso e poderoso, mesmo contando com a história mais fraca de todos (''culpa'' do livro, que é o menos ''importante'').
    Entretanto, veio a surpresa ''Enigma do Príncipe''. David Yates mostrou que possuía suas qualidades e trouxe um fator que mudaria o rumo da saga: um certo realismo. Sim, realismo em um filme de bruxos cheio de criaturas exóticas. Tudo ganhou um lado humano e a adolescência (e seus problemas) ganham um bom espaço, naquele que era o filme mais sombrio (bendita Fotografia linda!) e com maior ''valor cinematográfico'' de toda a série até então, junto do terceiro filme. E então, só faltavam mais dois longas, e a projeção era de puro crescimento na qualidade.
    E isso realmente ocorreu, a primeira parte de ''Relíquias da Morte'' foi um filme poderoso. A parte técnica nunca havia sido tão eficiente. Trilha, fotografia, efeitos especiais, direção de arte e até mesmo a direção em si. Os personagens estavam mais aprofundados e era o filme mais artístico de todos, com comparações diretas à regimes totalitários, como o nazismo, sendo ainda melhor desenvolvidas que nos livros. Um excelente show de abertura para o maior acontecimento do cinema nos últimos tempos: o fim da franquia.
    O acontecimento realmente veio, e com força. O filme... deixou a desejar. Não que ele não seja bom. É ótimo! O terceiro melhor de toda a saga. Mas com tudo que tinha nas mãos, Yates ofereceu pouco. A parte técnica é, mais uma vez, deslumbrante. A fotografia de Eduardo Serra é novamente bela, a trilha de Alexandre Desplat dá todo o tom épico (ou dramático, quando preciso) e os efeitos especiais, enfim, esses já são elogio marcado.
    Todo o começo do filme é espetacular, desde as cenas no Chalé das Conchas, realmente bem escritas por Steve Kloves (que cresceu muito desde o primeiro filme), até a extraordinária sequência em Gringotes, perfeita nos mínimos detalhes. Mas a partir daí, o filme falha ao dar o tom épico. A batalha de Hogwarts é sub-aproveitada. Há cenas lindas como a do escudo da escola, a fuga de Snape e os ''momentos'' da Professora McGonagall. Entretanto, parece que esses momentos foram muito mais sentidos pelas fortes interpretações ou pelos efeitos, do que pelo que realmente estava sendo mostrado ali. Nada comparável à memorável batalha dos Campos de Pelennor, no capítulo final da trilogia ''O Senhor dos Anéis''.
    Aqui vão alguns exemplos (contém spoilers, desavisados pulem para o próximo parágrafo): a morte de Bellatrix, apressada e sem desenvolvimento algum, só foi épica devido à fala (do livro) da Sra. Weasley; o adeus à alguns personagens importantes (do ''lado bom'' da batalha) também é falho (coitados dos que não leram o livro, tiveram que decifrar que era Fred que jazia no chão); o beijo de Rony e Hermione é belamente construído e... o rosto de Rupert Grint simplesmente tapa qualquer visão do público.
    Tá, Gabriel, você só falou mal e ele é o terceiro melhor da série? É! O motivo? Algumas cenas absurdamente lindas e emocionantes, com as quais parece que houve um tratamento especial da equipe de produção, como as memórias de Snape (lindas e emocionantes em cada momento, com um tom dramático crescente), a parte final (após a cena na Floresta Proibida), o epílogo e as já anteriormente citadas no quinto parágrafo. Além de, claro, todo o trabalho impecável na técnica e o desempenho positivo de todo o elenco adulto. E, o mais importante, o já citado várias vezes ''acontecimento''. A nostalgia também engrandece o filme, e muito.
    Como filme, bom. Como acontecimento de toda uma geração, inesquecível e espetacular.       Nota: 8/10



domingo, 18 de dezembro de 2011

Crítica - O Labirinto do Fauno

 
    Guillermo del Toro é um diretor, no mínimo, diferente. Em sua filmografia constam adaptações medianas de HQ: os dois filmes sobre o anti-herói Hellboy e a segunda parte da trilogia sobre o caçador de vampiros Blade, entretanto seus filmes mais reconhecidos (e os melhores) remetem ao gênero do Terror, mesmo que não em sua completa essência. E isso também remete à enorme quantidade de filmes que ele apenas produz (no total, já foram quase trinta longas).

    Desde o seu primeiro longa, ''Cronos'', em 1993, passando pelo bom ''A Espinha do Diabo'' até o mais recente ''O Labirinto do Fauno''; todos mesclam o Drama ao Terror. E, resumindo-me às duas últimas obras citadas, também mesclam a fantasia infantil e apresentam uma criança como personagem principal. No caso de ''O Labirinto do Fauno'', ela é Ofelia (Ivana Baquero), uma menina que se muda com sua mãe para o quartel de seu padrasto, o Capitão Vidal (Sergi López), um oficial fascista que busca exterminar os rebeldes daquela região.

    A história se concentra em dois núcleos: o de Mercedes (Maribel Verdú), amiga de Ofelia, cozinheira do quartel e informante dos insurgentes, que luta para ajudá-los a derrotar os soldados do Capitão; e o da jovem garota, que descobre no jardim da mansão, um labirinto, que a leva ao encontro de um Fauno (Doug Jones), o qual lhe revela que ela é, na verdade, a princesa de um reino subterrâneo e que, para retornar lá, deve cumprir três missões.

    O filme se encaixa mais num conto de fadas adulto, dado as situações tensas e seres horríveis aos quais Ofelia entra em contato; além de, claro, o horror da Guerra Civil. Os dois focos da película, por sinal, ficaram bem equilibrados na tela, sendo ambos bem desenvolvidos pelo roteiro, obtendo um saldo bastante positivo e sem algum se sobressair quanto ao outro.

    Toda a parte técnica do filme é impecável: a direção de arte, oscarizada, é belíssima em cada detalhe; já a fotografia, também vencedora do Oscar, se encaixa perfeitamente com o tom sombrio e adulto, porém fantasioso, do filme; todavia o que mais chama a atenção é a maquiagem (uhu, Oscar de novo) que cria seres soberbos, quase reais, como o já citado Fauno e a criatura da ''sala de jantar'', de longe a mais surpreendente e tenebrosa de todo o filme.

    As interpretações também são um brilho à parte: Ivana Baquero transpõe muito bem a delicadeza de Ofelia, já Maribel Verdú faz uma atuação segura e eficiente, enquanto Sergi López encontra o tom exato para interpretar o Capitão Vidal, tragicamente odioso. Outro ator importante é Doug Jones, com um trabalho físico ótimo em seu Fauno.

    Todo o roteiro (também outro destaque na obra) se apóia na imaginação infantil, e na sua importância. E, além disso, faz um contraponto entre real e fantasioso, uma vez que Ofelia se sentia muito mais amedrontada na presença de seu padrasto do que ao lado do Fauno, mesmo o último tendo uma aparência bem menos ''agradável''. Um belo filme de Guillermo del Toro, que cresce cada vez mais como diretor, e que venha ''Pacific Rim'', em 2013.    Nota: 8/10


sábado, 17 de dezembro de 2011

Lista - Os Piores Filmes da História (ou de desde que eu nasci)

    Cheguei à conclusão que a maioria dos filmes que eu comento aqui, são, na maioria, comentários positivos. Notas 7, 8, 9, 10... E já chega, né? Vamos falar de filme ruim! Filme ruim, mesmo! Aqui vai a lista ''Os dez filmes que eu não recomendo nem para o meu pior inimigo!''. Vocês irão perceber que alguns filmes que sempre figuram nessa lista estarão de fora. 
    É o caso de filmes da Xuxa, Didi, Angélica, filmes babacas da Disney (aka ''High School Musical'' e derivados) e, claro, dos ''consagrados'' piores diretores do mundo: Uwe Boll (de ''Em Nome do Rei'') e a dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer (de ''Espartalhões''). Nem precisa falar que esses são ''bombas'' puras e sempre fortes candidatos ao Framboesa de Ouro.

10. Presságio (Knowing, 2009)

    Com a exceção ''Kick-ass'', qualquer coisa recente com o nome, citação ou lembrança de Nicolas Cage é uma bomba. A carreira do já ganhador do Oscar está no fundo do poço e de lá parece que não sai mais. O filme é uma bagunça. Parece que a lógica tirou umas férias da cabeça do roteirista. A história é sobre um professor (Cage) que encontra uma cápsula do tempo enterrada por alunos de décadas passadas em seu colégio. Em uma das cartas lá colocadas, estão algumas previsões de catástrofes. Umas que já ocorreram, outras que estão por vir. 
    O problema é que a partir daí, nada mais faz sentido! É tudo inexplicado, as coisas acontecem sem uma lógica aparente. Enfim, um roteiro furado. E a ''surpresa'' no final, não deixa de ser óbvia (pensei sobre aquilo em dado momento, mas achei que era estapafúrdio demais).
Nota: 2/10







9. Lenda Urbana (Urban Legend, 1998)

    Quando aluguei esse filme, confesso que tinha minhas esperanças. O gênero ''serial-killer-misterioso'' me agrada e por ter vindo da leva de filmes inspirados em ''Pânico''... Bem, eles podiam ter se inspirado nas partes boas, né? Mas não. O começo até é inspirador e a história sobre mortes relacionadas à lendas urbanas não deixa de ser intrigante. A construção do mistério chega a cativar, entretanto tudo o que vem depois... 
    O enredo se baseia em uma série de assassinatos dentro de um campus universitário, que parece ser de outro mundo, tamanha a falta de acesso à informação e segurança (ora, só tem um vigilante e ainda é uma gordinha estúpida). De resto, atuações desastrosas e um roteiro furadésimo.      Nota: 2/10







8. Tamara (Tamara, 2005)

    Mais um filme que se inspira em outro. Agora, é uma fotocópia mal-feita de ''O Chamado'' (Samara, Tamara; essa nem tentaram esconder). Tamara (Jenna Dewan) é uma garota não-popular que acaba morta em uma ''brincadeira'' exagerada de outros estudantes. Porém, a menina era uma amante da bruxaria e estava sob um poder (!) que lhe fazia ressurgir dos mortos (!!). Quem não faria isso, né, no caso de uma emergência...
     Já deu para ver o nível do ''filme''. Aí, claro ela parte para uma vingança. A direção é nula. O roteiro, lixo. As atuações estão no nível ''teatro-amador-de-escola-de-quinta''. Já as mortes, que poderiam trazer um pouco de diversão ou terror, são convencionais e bestas.        Nota: 2/10







7. Crepúsculo (Twilight, 2008)

    Não, eu não nasci odiando a saga. Fui assistir até ansioso ao filme, devido à filmografia anterior de sua diretora, Catherine Hardwicke, que possui o bom ''Aos Treze''. Mas não, não deu. Os focos de crítica são tantos que terei de me limitar à apenas alguns: as atuações constrangedoras (sem exceção), a direção amadora (poxa, Catherine, e eu fazendo propaganda?), um roteiro raso e desinteressante e, o que mais me espantou, a baixa qualidade técnica. 
    A fotografia é horrorosa, não sei de onde tiraram aquela ideia; os efeitos especiais, toscos, para uma saga tão ''arrasa-quarteirão'', e a maquiagem, caricata e desnecessariamente exagerada. Salva-se a trilha sonora (nem toda) e a boa introdução ao romance, lenta e sensata. A saga acabou aqui para mim.    Nota: 2/10







6. Jogos Mortais - O Final (Saw 3D, 2010)

    Já falei sobre esse aqui no blog, no post: Balanço de Dezembro (Parte I). Take a look.

Nota: 1/10















5. A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras (Book of Shadows: Blair Witch 2, 2000)

    Um filme que consegue destruir, explodir, desaparecer com tudo que seu predecessor tinha de bom. O ganhador do Framboesa de Ouro de Pior Sequência e também indicado a Pior Filme, Pior Diretor e Pior Elenco é realmente ruim. A história: alguns jovens (idiotas, estereotipádos e sem QI, claro) resolvem descobrir o que ocorreu realmente com os três jovens do original. O típico horror teen brega e sem pretensões, que são das coisas mais nojentas de Hollywood.
    Não há suspense, não há mistério, é tudo superficial. Só há um punhado de gritos histéricos, cerveja e sexo. E o final-surpresa, ah, claro que ia ter um. Simplesmente ridículo. Com certeza o mais non-sense e sem graça da história do cinema. Corram para as colinas!    Nota: 1/10









4. Mulher-Gato (Catwoman, 2004)    

    Esse ainda é da era que os estúdios achavam que um filme de super-heroi, mesmo que mal-feito, daria bons lucros. E, surpresa, o público não é tão burro e esse aqui, pelo menos, foi um fracasso de bilheteria. O que talvez abriu os olhos dos magnatas de Hollywood.
    Primeiro, por que diabos mudar o nome da Mulher-Gato para Patience Phillips?! Segundo, um ex-supervisor de efeitos especiais (Pitof) como diretor? Terceiro, copiar (mal) o enredo do Batman de 1989 sobre os cremes maléficos? Quarto, um casal de publicitários, gente normal, como vilões? Quinto, Halle Berry, por que esse rebolado ridículo e essas falas arranhadas alla miado? Não é para ridicularizar a heroína, como se ela fosse uma prostituta.
    Já deu para ver a porcaria que é, né? Junte isso à efeitos especiais péssimos, mais e mais pontos exóticos (ou seja, ridículos) do roteiro, e esse é o ganhador de quatro Framboesas. Michelle Pfeiffer, volte para nós!     Nota: 1/10





3. Jumper (idem, 2008)

    David Rice (Anakin... ops, Hayden Christensen) é um jovem que descobre que é um Jumper, alguém capaz de se teletransportar a qualquer lugar. E então, ele começa a se divertir com isso, usando de seu poder para atos estupidamente infantis (nem vale a pena citar). Toda essa infantilidade atrai a atenção de uma organização secreta que ambiciona exterminar os Jumpers.
    Tá, não deixa de ser interessante a ideia, ainda mais sendo dirigido por Doug Liman (de ''A Identidade Bourne''). Só que, aqui, nada dá certo. Hayden parece deslocado e seu par, Millie Harris, ganharia fácil o prêmio de mocinha mais chata do cinema. Tudo poderia ser salvo por emocionantes sequências de ação, né? Poderia. O que se vê é o personagem de Hayden se teletransportando de um lado para o outro em meio às lutas, de uma maneira totalmente confusa. Parecia que queriam causar torcicolo propositadamente. Passem longe.     Nota: 1/10




2. A Garota da Capa Vermelha (Red Riding Hood, 2011)

     Realmente, Catherine Hardwicke está do ladinho de Nicolas Cage no fundo do poço. Bebendo da fonte ''Crepúsculo'' e adicionando a história clássica da Chapeuzinho Vermelho (coitada dela, mencionada nisso...), ela conta a história de uma pequena vila, amaldiçoada por um lobisomem, que tem um interesse particular em Valerie (Amanda Seyfried). Daí começa a caçada para descobrir quem ele é.
     O roteiro até tenta se inspirar em Agatha Christie, mas o tiro sai pela culatra. O mistério é mal-desenvolvido, com sequências ridículas, como os closes nos olhos castanhos de todos os homens próximos a Valerie, cor esta que era a mesma dos olhos do lobisomem. Entretanto o pior de tudo é: você ri do lobisomem! Em certo momento, ao invés de atacar a sua vítima, ele simplesmente começa a conversar com ela! Só faltou convidar para um chá... Enfim, péssimo. Isso que nem citei a revelação final...      Nota: 1/10





1. Alma Diabólica (Dark Floors, 2008)

    Para mim, a nota zero é especial. Tem que ser para um filme merecedor, aquele que dói só em lembrar o nome. Que você foi até o fim somente para ver até que ponto a babaquice ia. Lhes apresento, ''Alma Diabólica''.
    Tudo começa quando Ben (Noah Huntley) resolve tirar sua filha autista do hospital em que estava, por achar que estavam sendo mal-atendidos. Mas é surpreendido, junto de outras pessoas (os estereótipos dos estereótipos), com a quebra do elevador. E quando as portas se abrem, o hospital está deserto e há corpos mutilados no corredor. Na busca pela saída, descobrem que não estão sozinhos, e sim acompanhados de criaturas assassinas ''terríveis''. 
     O problema é: tudo é risível. Os ''monstros'' são mal-compostos visualmente, parecendo que saíram de um episódio de Scooby-Doo e o diretor não se preocupa em criar momentos de tensão, apenas joga as cenas lá, tratando-nos como idiotas. E o pior é o roteiro, que não explica nada e não liga nada com lugar nenhum, chegando num final completamente babaca, cheio de pontas soltas. Isso você só descobre se não quiser quebrar o DVD antes disso. 
Nota: 0/10

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Crítica - Meia-Noite em Paris

 

    Aluguei ''Meia-Noite em Paris'' meio desacreditado. Woody Allen é um dos diretores mais famosos do mundo, porém nunca me conquistava. Comecei a assistir à sua filmografia por ''Vicky Cristina Barcelona''. O nome me interessou, o filme estava sendo bem-falado (sim, eu assisti na época de lançamento, quando nem sabia nem quem era, por exemplo, Stanley Kubrick). Quanto ao longa, achei um tédio. O roteiro não dá liga, a narração em off domina tempo demais da projeção e os personagens, estereótipos latinos. A opinião foi mantida mesmo após revisão.
   
    Daí veio o também elogiado ''Match Point'', um filme bonzinho, entretanto blasé. A minha terceira tentativa veio com ''Tiros na Broadway'', que talvez seja o meio termo. O filme mesmo, é fraco. Mas com tantas atuações fortes e memoráveis, é difícil dar um dislikeE então, depois de muita enrolação, desculpas e temor... Assisti à ''Meia-Noite em Paris''. E gostei.
    
    O filme conta a história de Gil (Owen Wilson, em uma, quem diria, atuação convincente), que é apaixonado por Paris e que está prestes a se casar com Inez (a sempre eficiente Rachel McAdams). A ''ação'' começa mesmo quando Gil, bêbado, resolve caminhar pela cidade e recebe um convite de dois estranhos para entrar em seu carro e ir a uma festa (é, ele aceita). Daí, por um motivo inexplicado (e, no fim, irrelevante), ele acaba sendo levado de volta aos anos 20 (época que sempre glorificou como os melhores anos da história) e encontra, na tal festa, todos os seus ídolos literários, artísticos e cinematográficos.


    São os Fitzgerald de um lado, Picasso de outro, Hemingway ali na ponta e até Buñuel. O mais notável é que esses astros não soam clichês (exceto o Dalí de Adrien Brody), mesclando o que se sabe deles por biografia com um algo a mais, uma outra visão (talvez de Allen). E é nesse enredo que mistura cinema, história e psicologia que o filme se desenvolve.

    No campo das atuações, destaque para a sempre bela e oscarizada Marion Cotillard, a também oscarizada Kathy Bates e os já citados Wilson e McAdams. O roteiro é bem-produzido, com alguns diálogos brilhantes. E Allen, isso é inegável, é um ótimo diretor e que sabe transformar Paris de bela em deslumbrante, através de sua lente. Mas o mais importante e digno de nota é a mensagem: valorize o presente e pare de querer ter vivido em outra época, porque lá, segundo Allen, eles viam suas vidas, tal qual você vê a sua: parte de uma geração inútil.


    O filme é redondinho, perfeito para a parcela do público médio e consumidor de ''arte''. O que faltou, talvez, foi um pouco de equilíbrio, um enfoque maior na comédia (gênero de todos os filmes dele e que, dessa vez, ficou devendo) e, principalmente, coragem. Uma ideia tão inspirada poderia ter rendido algo ainda maior, Allen quis apenas entreter, fazer ''arte''. Com um pouco mais de força teria criado, quem sabe, um clássico do novo milênio, e não um bom coadjuvante.    Nota: 8/10

Balanço de Dezembro (Parte I)

    Chegamos à metade do mês de Dezembro e, por isso, separei dez dos filmes aos quais assisti nesses quinze dias e os analisarei brevemente, com observações pontuais. Pretendo manter essa seção postando, sempre a cada quinze dias, textos como este. Bora lá...

10. Jogos Mortais - O Final (Saw 3D, 2010)


     O derradeiro (me engana, que eu gosto) capítulo da série infinita Jogos Mortais, dirigido (?) por Kevin Greutert, copia, sem tirar nem pôr, o que foi exibido desde o terceiro filme, só que muito, mas muito mesmo, pior (sim, cavaram um buraco ainda maior nesse poço). Dessa vez, ainda temos aquela primeira cena (tão boa, quanto ilógica) que nos engana,  já que nos leva a crer que a saga tinha encontrado um outro jeito de ser (com certeza, mais profícuo), o da auto-paródia assumida.   
Nota: 1/10





9. Drácula de Bram Stoker (Dracula, 1992)


    A adaptação do grande (mas, hoje, em pura decadência) Francis Ford Coppola para a história do Conde não deixou de decepcionar, mesmo com um elenco tão formidável, com Anthony Hopkins (ainda em boa fase), Gary Oldman (aqui, espetacular) e Winona Ryder. O diretor até tentou dar um toque pessoal, trazendo um visual interessante e intensificando a presença do amor (e do sexo) à obra. Mas não adiantou. O filme é fraco, com roteiro idem. Não empolga e não atrai.    Nota: 6/10







8. A Noite dos Mortos-Vivos (Night of the Living Dead, 1968)


    Toda a ideia do mestre do ''cinema-zumbi'' Romero nasce correta: um estudo do desespero humano, em meio à morte eminente caminhando junto aos mortos-vivos que cercam sua casa. Entretanto, as interpretações fracas afundam todo esse conceito, tornando o filme, muitas vezes, chato. A maquiagem, como sempre, é marcante e bem-feita, ainda mais pela época.
Nota: 6/10






7. Sobrenatural (Insidious, 2010)

    Do mesmo criador de Jogos Mortais (James Wan), o longa é um eficiente filme de terror, porém possui visíveis limitações. A história é a de um menino que entra em coma sem motivo biológico aparente. O motivo era espiritual, claro. O filme é bem dirigido e apresenta uma penca de sustos e momentos de tensão acima da média (principalmente mais para o final). O problema do filme está no roteiro, que intercala bons momentos (já citados) com outros simplesmente ''corta-clima'', até cômicos. Ou seja, você está todo tenso vendo o filme e, então, aparece uma cena simplesmente ridícula. Aí a tensão vai a zero.   Nota: 7/10




6. Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011)

    O filme de Terrence Malick, ganhador da Palma de Ouro, mostra (na maior parte do tempo) a história de uma família cheia de problemas de relacionamento, o que, na verdade, é apenas uma parte de toda uma metáfora sobre vida, relação pai-filho e religião, entre outros temas. Essa mixagem de temas se dá de forma eficaz, com ajuda da brilhante Fotografia, nos brindando com algumas das melhores cenas do ano. Todavia, em alguns momentos, falta sutileza na direção de Malick, em outros, distanciamento.     Nota: 8/10




5. Enigma de Outro Mundo (The Thing, 1982)

    Mais um grande filme de John Carpenter, dessa vez, uma refilmagem da história de doze homens isolados numa estação de pesquisa na Antártida. Então, eles entram em contato com um organismo alienígena que assimila genuinamente a forma humana, depois de certo tempo de contato, transformando-se em uma cópia perfeita. Começa, então, um jogo de desconfianças para saber quem é o infectado. Magistralmente dirigido, com uma atuação surpreendente de Kurt Russell e um roteiro inspirado que trabalha bem a desconfiança, o egoísmo e as fraquezas humanas.           Nota: 8/10






4. Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso, 1988)
   
    O clássico italiano de Giuseppe Tornatore, ganhador do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira, conta a vida de Salvatore (e também dos moradores de sua cidade, por que não?) e seu envolvimento com o cinema, desde as entradas às escondidas na sala do projetor. Nos afeiçoamos ao filme logo no início, com a bela performance do pequeno Salvatore Cascio e, a partir daí, é pura emoção e amor à Sétima Arte. Filmaço.   Nota:8/10









3. O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920)

    Junto de ''Nosferatu'', de Murnau, essa é a obra principal do Expressionismo Alemão no cinema. Dirigido por Robert Wiene, o longa impressiona pela força e vitalidade com que nos arrebata, mesmo depois de noventa anos de seu lançamento. O enredo é sobre um hipnotizador que chega à uma cidadezinha em meio à uma série de assassinatos que vinham ocorrendo por lá. O filme também é importante por apresentar um dos primeiro finais-surpresa da história. Belíssimo.   Nota: 8/10








2. Os 12 Macacos (Twelve Monkeys, 1995)

    O filme de Terry Gilliam é colossal. James Cole (Bruce Willis) é mandado de volta para o passado para colher informações sobre um vírus, lançado na Terra, que matou cinco bilhões de pessoas no planeta. Diversos problemas acontecem e surpresas e mais surpresas vão sendo reveladas pelo roteiro no decorrer do filme, até chegar em seu final, arrebatador. Roteiro brilhante, direção idem e uma atuação de Brad Pitt que lhe rendeu o Oscar para Ator Coadjuvante. Inteligente e obrigatório para os cinéfilos.    Nota: 8/10






1. Morangos Silvestres (Smultronstället, 1957)


    O filme do mestre Ingmar Bergman é uma análise sobre a vida, sobre o tempo que dedicamos a ela, sobre como usamos este tempo e sobre o valor empregado às coisas. Bergman conduz o filme com uma sensibilidade ímpar, mostrando maravilhosamente os devaneios e flashbacks de Isak Borg, um homem que sabe estar próximo à morte. O diretor disseca perfeitamente a memória humana: como guardamos uma lembrança vs. como ela realmente ocorreu. A qualidade da obra é provada quando desligamos o DVD e ficamos horas seguidas fazendo análises filosóficas e existenciais sobre nós mesmos. 
Nota: 9/10