domingo, 2 de fevereiro de 2014

Especial Oscar: Crítica - Gravidade



    "Gravidade" certamente foi um dos filmes falados do ano. E, de fato, é a maior realização técnica do cinema no ano. Seus curtos 90 minutos são um deleite técnico e visual, e com certeza serão lembrados por muito tempo como uma das melhores ficções científicas de todos os tempos. Seu diretor, Alfonso Cuarón (de "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban"), utiliza cada detalhe cinematográfico em prol da experiência. E o apuro técnico do longa tem razão de ser: foram quatro anos de produção.

    A trama é bem simples: a Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock, de "Miss Simpatia") e o veterano astronauta Matt Kowalsky (George Clooney, de "Os Descendentes") se veem isolados no espaço quando a estação espacial na qual trabalhavam é completamente destruída pelos destroços de um satélite russo. Então, começa uma jornada pela sobrevivência, em torno de todos os perigos que o isolamento no espaço pode oferecer.

    Logo no início do filme já notamos que o que diferenciaria "Gravidade" dos demais do gênero seria seu diretor e sua qualidade técnica. Logo em seus primeiros minutos, somos brindados com um dos mais belos planos-sequências da história (ele tem mais de dezessete fucking minutos!). A partir daí, Cuarón nos leva a uma imersão total, com tensão do início ao fim e belíssimas imagens.

    Desde o empolgante (e em um único plano-sequência!) trailer, já era de se esperar um filme que nos deixaria presos à cadeira o tempo todo. Mas o longa excedeu todas as expectativas. Não somente por seu roteiro impor as mais diversas dificuldades à Ryan, mas também pelo maravilhoso trabalho de câmera de Cuarón, acompanhado da excelente fotografia, da deslumbrante trilha sonora (que marca tanto quando presente, quanto ao se ausentar completamente - nos deixando no total silêncio), do espetacular uso do som e dos efeitos especiais magníficos.

    É, sim, um exercício de gênero, com roteiro formulaico; mas, aqui, temos um dos melhores usos do cinema como experiência sensorial. São diversos os momentos em que "Gravidade" consegue se mostrar um grande filme: pelo plano-sequência inicial, ou quando temos a mudança de câmera objetiva para subjetiva e observamos a crise pelo ponto de vista da própria Ryan, ou a tão falada cena em que a engenheira médica flutua em posição fetal. Dá para montar uma longa lista.

    Claro, temos de citar a atuação de Sandra Bullock, que, se não chega perto de ser uma boa atriz, ao menos é competente em segurar o filme durante os 90 minutos. Já George Clooney também está bem, (SPOILER!) e o filme até perde um pouco o fôlego nos momentos de ausência de seu personagem (/SPOILER!).

    De qualquer forma, "Gravidade" é um espetáculo visual, técnico e contemplativo. Possui, com certeza, as mais belas imagens e os momentos mais tensos do ano. Uma experiência imersiva completa e marcante, que se não chega perto de "2001: Uma Odisseia no Espaço" enquanto análise, lembra o filme de Stanley Kubrick enquanto feito tecnológico.

Nota 9/10

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