E aí, em meio a esse meu hiato de textos no blog, mais um ótimo texto cedido pelo digníssimo Gustavo Hackaq. Gostaria de dizer que concordo com cada letra aqui postada e que a minha nota para a obra é 5 (porém eu gosto de outros filmes do Cronenberg, ok?).
“Dar notas a filmes” não é uma
ciência exata, obviamente. É uma das artes mais subjetivas que existem,
obviamente novamente. ''Marcas da Violência'' foi o filme
definitivo para cimentar essa tese na minha cabeça.
Para não enrolar muito, o filme
conta a história de um homem que tem a loja assaltada e acaba matando os
assaltantes. Depois disso, é perseguido por outros homens nos seus clichês
carros lustrosos, óculos escuros e ternos impecáveis, que dizem que ele não é
quem afirma.
Desde o primeiro segundo do
aparecimento dos mafiosos, nós já sabemos que eles falam a verdade e o
protagonista (Viggo Mortensen, aproveitando o hype em torno de sua atuação em ''O Senhor dos Anéis'')
é um mentiroso. Todos os lugares-comuns do “eu sei quem você é, por isso não
finja”, que funcionava muito bem até nos filmes do Hitchcock (''Intriga Internacional'', por exemplo) são terríveis aqui, e repetidos à
exaustão. E a atuação de Mortensen não convence em momento algum (é até
engraçado ver, quando ele finalmente assume sua real identidade, tentar mudar a
forma de atuar para mostrar, pateticamente, o outro eu).
O filme também é usado para
mostrar a exemplar cultura norte-americana, com os filhos da América comendo
seus usuais cereais com leite; as líderes de torcida levando o namorado
escondido para sua casa (essa cena pelo menos é boa) e tentando fazer silêncio,
afinal, como já vimos em mil filmes de terror, os pais dela estão dormindo no
quarto ao lado; as rivalidades fúteis geradas por baseball; os valentões
aterrorizando os mais fracos em meio de palavrões entre os corredores com
armários escolares etc etc etc etc. E, no caso, a violência, abusada aqui (e
que nunca choca, não graças ao excesso de sangue que vemos atualmente; filmes
violentamente bons, ''Irreversível'',
para citar algum, choca com facilidade), mas de forma besta e plástica
(convence em termos de efeitos-especiais, mas é artificial) é outro símbolo
cultural do país, todavia nem isso soa “culto” ou “profundo”, apesar de
inúmeros expectadores do filme acharem os adjetivos entre aspas anteriores no
âmago do filme ou sabe lá onde.
Olhando o título original da
fita, 'A História da Violência', vemos o quão pretensioso ele é. Com um título
desses esperamos um estudo aprofundado sobre a psique humana naturalmente e
essencialmente violenta, porém nada disso consta. É tudo banal. Tem
justificativa? Sim, tem, mas e?! É essa a pergunta que fica, “e daí tudo isso?”.
Fora que todas, eu repito, TODAS as ações e acontecimentos são previsíveis até
a estratosfera. O telefone toca *é um dos caras da vida dele de verdade e vai o
chamar pra ir à Filadélfia*; ele chega em casa *ninguém fala com ele, mas a
filhinha será a única*, e é exatamente isso que acontece, só para exemplificar
algumas cenas.
Para fechar unindo à minha ideia
inicial, vejo este filme com notas ótimas e sendo chamado até mesmo de
“obra-prima”, para meu total assombro. Talvez eu tenha problemas, ou, sem
pretensão, se possível, seja o contrário. Nota 4/10