quarta-feira, 25 de julho de 2012

Crítica - Marcas da Violência (por Gustavo Hackaq)


    E aí, em meio a esse meu hiato de textos no blog, mais um ótimo texto cedido pelo digníssimo Gustavo Hackaq. Gostaria de dizer que concordo com cada letra aqui postada e que a minha nota para a obra é 5 (porém eu gosto de outros filmes do Cronenberg, ok?).

   “Dar notas a filmes” não é uma ciência exata, obviamente. É uma das artes mais subjetivas que existem, obviamente novamente. ''Marcas da Violência'' foi o filme definitivo para cimentar essa tese na minha cabeça.

   Para não enrolar muito, o filme conta a história de um homem que tem a loja assaltada e acaba matando os assaltantes. Depois disso, é perseguido por outros homens nos seus clichês carros lustrosos, óculos escuros e ternos impecáveis, que dizem que ele não é quem afirma.

   Desde o primeiro segundo do aparecimento dos mafiosos, nós já sabemos que eles falam a verdade e o protagonista (Viggo Mortensen, aproveitando o hype em torno de sua atuação em ''O Senhor dos Anéis'') é um mentiroso. Todos os lugares-comuns do “eu sei quem você é, por isso não finja”, que funcionava muito bem até nos filmes do Hitchcock (''Intriga Internacional'', por exemplo) são terríveis aqui, e repetidos à exaustão. E a atuação de Mortensen não convence em momento algum (é até engraçado ver, quando ele finalmente assume sua real identidade, tentar mudar a forma de atuar para mostrar, pateticamente, o outro eu).

   O filme também é usado para mostrar a exemplar cultura norte-americana, com os filhos da América comendo seus usuais cereais com leite; as líderes de torcida levando o namorado escondido para sua casa (essa cena pelo menos é boa) e tentando fazer silêncio, afinal, como já vimos em mil filmes de terror, os pais dela estão dormindo no quarto ao lado; as rivalidades fúteis geradas por baseball; os valentões aterrorizando os mais fracos em meio de palavrões entre os corredores com armários escolares etc etc etc etc. E, no caso, a violência, abusada aqui (e que nunca choca, não graças ao excesso de sangue que vemos atualmente; filmes violentamente bons, ''Irreversível'', para citar algum, choca com facilidade), mas de forma besta e plástica (convence em termos de efeitos-especiais, mas é artificial) é outro símbolo cultural do país, todavia nem isso soa “culto” ou “profundo”, apesar de inúmeros expectadores do filme acharem os adjetivos entre aspas anteriores no âmago do filme ou sabe lá onde.

   Olhando o título original da fita, 'A História da Violência', vemos o quão pretensioso ele é. Com um título desses esperamos um estudo aprofundado sobre a psique humana naturalmente e essencialmente violenta, porém nada disso consta. É tudo banal. Tem justificativa? Sim, tem, mas e?! É essa a pergunta que fica, “e daí tudo isso?”. Fora que todas, eu repito, TODAS as ações e acontecimentos são previsíveis até a estratosfera. O telefone toca *é um dos caras da vida dele de verdade e vai o chamar pra ir à Filadélfia*; ele chega em casa *ninguém fala com ele, mas a filhinha será a única*, e é exatamente isso que acontece, só para exemplificar algumas cenas.

  Para fechar unindo à minha ideia inicial, vejo este filme com notas ótimas e sendo chamado até mesmo de “obra-prima”, para meu total assombro. Talvez eu tenha problemas, ou, sem pretensão, se possível, seja o contrário.         Nota 4/10