segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Crítica - Tudo Pelo Poder



    George Clooney é conhecidíssimo entre o público pelo seu lado ator, com participações por exemplo na série ''ER'' e no filme ''Onze Homens e um Segredo''. Entretanto, ele também dá as cartas como diretor (e roteirista) de tempos em tempos, realizando, por exemplo, o bom ''Boa Noite e Boa Sorte'', em 2005. Seu último filme como diretor, ''O Amor Não Tem Regras'', pode ter sido fraco, todavia ele parece ter voltado à qualidade com ''Tudo Pelo Poder'' (e também às indicações a premiações, como pelo filme de 2005).


    O cenário dessa vez é a política norte-americana, que se nunca deixa de ser exatamente ''atual'', se mostra mais importante nos últimos tempos devido à crise econômica. O ponto de vista é o do jovem assessor de imprensa Stephen Myers (Ryan Gosling), que trabalha para um dos candidatos democratas à presidência, Mike Morris (George Clooney). Stephen não só promove a campanha de Mike, como também acredita que certamente ele, caso eleito, mudará o seu país para melhor: além de funcionário, é, portanto, um eleitor esperançoso do candidato.


    Porém, toda essa crença de Stephen se desconstrói aos poucos, enquanto ele vai descobrindo os planos de seu candidato (e de seu adversário), além das próprias armações existentes dentro do comitê de Mike. Uma das coisas que diferencia o filme é que ele mostra o embate entre dois candidatos democratas durante a prévia de seu partido para a presidência. A teórica unidade política que deveria existir é praticamente nula, se assemelhando ao conflito contra os rivais republicanos. Não que isso seja exatamente original ou desconhecido do público, mas faz pensar: se há tudo isso durante prévias partidárias, quão sujos são os bastidores do duelo principal pela presidência?


    As armadilhas estão por toda parte, dentro da sua candidatura, da rival, colocadas pela imprensa... E Stephen, mesmo não sendo ingênuo, parecia acreditar que não andava em um campo tão espinhoso: mesmo estrategista, não deixava de ser um gentleman e sincero (Morris perguntar suas chances em certo estado a ele, e não a outro assistente superior, por saber que ele diria quais eram elas exatamente, ilustra bem). Se no começo do filme essa era a sua diferença em relação ao personagem de Philip Seymour Hoffman, Paul Zara, também assistente de Morris; as suas semelhanças com o tal parecem se realçar a cada minuto passado do longa. Isso para não compará-lo a Tom Duffy, interpretado por Paul Giamatti, estrategista do candidato adversário.


    Por falar em tantos atores, as interpretações, de modo geral, estão ótimas. Philip Seymour Hoffman é um grande ator, e mostra isso aqui também; Paul Giamatti, idem; George Clooney dá o charme necessário ao seu candidato Morris, bem correto; Evan Rachel Wood dá veracidade à sua personagem, a estagiária Molly; e Marisa Tomei é eficiente como a jornalista Ida. Entretanto, o grande destaque é Ryan Gosling, que leva o difícil personagem Stephen muito bem, levando a desconstrução dele a um nível ainda mais forte.


    O roteiro escrito por Grant Heslov e Clooney é maravilhoso, cheio de camadas e de críticas, desde as mais básicas e visíveis colocadas na trama central, até as que para melhor entendimento é necessário saber um pouco sobre política americana, como a sub-trama da personagem Molly: muito importante para a história e sua resolução, mas que pode parecer superficial para quem não sabe o ponto de vista democrata para o que estava ocorrendo. A direção de Clooney também é segura, guardando algumas sequências belíssimas e tomadas eficazes.


    Um filme corretíssimo, aparentemente merecedor das quatro indicações ao Globo de Ouro e de seu certo favoritismo a algumas também no Oscar (Ryan Gosling, por favor!). Um retrato interessante, poderoso e eficaz da política e que parece que elevará Clooney à promissor diretor novamente.         Nota: 8/10


 P.S.: Para quem gosta da série ''24 Horas'', uma participação especial de Gregory Itzin (o Charles Logan do seriado) é mais do que especial e ''irônica''. 

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