segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Especial Oscar: Crítica - Frozen



    A adaptação do conto "A Rainha da Neve" é um sonho antigo da Disney. A origem da tentativa de trazer a história de Hans Christian Andersen ("A Pequena Sereia") às telas remonta a 1943, com investidas ocorrendo também durante as décadas de 90 e 2000. Só em 2008, quando Chris Buck - futuro diretor do longa e que já havia trabalhado com o estúdio em "Tarzan" - trouxe à mesa a sua adaptação para a trama que o projeto foi levado à frente, com o apoio de John Lasseter - diretor de "Toy Story" e homem-forte da Pixar -.

    A história é centrada em duas irmãs: Elsa e Anna. A primeira, mais velha, possui poderes especiais (algo meio Homem de Gelo, dos X-Men, na versão feminina) e está prestes a se tornar a nova rainha. Anna, a mais nova, é a personificação das princesas Disney. Devido a um acidente na infância envolvendo os poderes de Elsa, ambas se mantiveram afastadas até o fatídico dia da coroação.

    Quando, então, um novo acidente acontece e todos descobrem os poderes de Elsa, a nova rainha resolve se isolar do mundo e fugir, entretanto acaba por deixar o reino todo congelado. Cabe a Anna ir em busca de sua irmã e por um fim ao rigoroso inverno. O deslocamento de Elsa das vezes de protagonista para uma posição de coadjuvante problemática é uma das principais forças do filme.

    Não que Elsa tenha per se qualquer maldade ou algo do tipo, mas seu controle sobre o gelo alcança o posto de vilão do longa (mesmo que lá pelas tantas um plot twist dos mais sem graças e manjados tente dizer o contrário). Além disso, a rainha, em meio a seu conflito interno, é a personagem mais interessante do filme. A película é toda estruturada sobre ela, apesar de Anna ficar um tempo muito maior na tela.

    Falando em Anna, ela é a que ocupa o posto de princesa Disney do longa. Possuindo aquela típica personalidade graciosa e inocente dos filmes do estúdio. É a partir dela que "Frozen" apresenta um de seus ares mais modernosos, com uma crítica interessantíssima ao amor à primeira vista presente em quase todos os "felizes para sempre" da Disney. Autoironia sempre será uma forma bacana de se abordar um clichê.

    E, se é para falar de clichê, falemos dos personagens fofinhos aptos à distribuir piadinhas durante o filme. Aqui o posto principal nestes termos pertence a Olaf, um boneco de neve que sonha em conhecer o verão. Talvez aparecer só lá pela metade do longa tenha atrapalhado o pobre coitado, mas a sua participação fica bem aquém de clássicos do estúdio como Timão e Pumba. Bem esquecível. Até o alce Sven é mais engraçadinho - e ele não fala -.

    Outra marca registrada da Disney e que o estúdio vem recuperando em suas obras é a presença de números musicais. E "Frozen" é cheio deles. Se, por um lado, "Let It Go" é o momento mais lindo e tocante do filme - muito disso por causa da maravilhosa performance de Idina Menzel -; por outro, muitas das músicas são simplesmente sem graça. Uma redução na quantidade teria feito um grande bem ao ritmo do filme, o qual por vezes é quebrado pela cantoria incessante.

    A sensação que fica ao fim de "Frozen" é que os próprios clichês do gênero impedem que o longa alce voos maiores. Mesmo que seus produtores tenham feito um considerável esforço em desviar-se, por exemplo ao colocar o foco na trama entre as irmãs em detrimento do amor "príncipe-princesa" - o clímax é providencial ao evidenciar isto -; a estrutura típica dos longas do estúdio ainda o esquematizou demais. Não é a sua melhor animação desde "O Rei Leão", como muito foi chamada ("Enrolados", por exemplo, é um filme melhor); mas não deixa de ser um bom alento.

Nota: 7/10 

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