quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Crítica - A Centopeia Humana (por Gustavo Hackaq)

    Gente, novidade no blog! O meu amigo, cinéfilo e que escreve os melhores textos de toda a crosta terrestre, Gustavo Hackaq, enviou essa 'colaboração' para o blog. E é a primeira de muitas. \o/






    Algum tempo atrás, ouvi de uma amiga a história do filme ''Centopeia Humana'' e fiquei abismado. Não poderia ser crível a existência de um filme com tal teor, mas, vendo os filmes que brotam da terra com seus roteiros absurdamente mórbidos, como ''O Albergue'' e sua über fábrica de tortura, aquilo poderia mesmo existir. Então fui atrás para saber se tal história era real.

    Tom Six, o diretor, roteirista e editor do filme (com conceitos morais duvidosos) conta a história do Dr. Joseph Helter (Dieter Laser, um home que nasceu fadado a um propósito: ser psicopata em algum filme), um renomado e recluso cirurgião especializado na separação de gêmeos siameses (“Aposentado, mas ainda conhecido como o melhor”). Depois de tentar, e falhar, uma cirurgia nunca antes feita e criada pelo próprio com seus “queridos três cachorros” (enterrados em seu quintal com uma linda lápide), ele decide tentá-la com animais maiores: seres humanos. É aí que entra Lindsay (Ashley C. Williams) e Jenny (Ashlynn Yennie), duas turistas nova-iorquinas que estão de passagem pela Alemanha. Numa noite nebulosa, as duas, numa floresta escura e densa, conseguem a proeza de furar o pneu do carro no meio do nada. Com direito a um morador local pervertido e celular fora de área, a clichêlandia parte pela floresta em busca de alguém para ajudá-las (e ainda começa a chover). Onde ambas vão parar? Na luxuosa casa/hospital do Dr. Helter, como moscas farejando o pote de mel. Lá, o doutor trata logo de dopá-las para iniciar a cirurgia do século.

    Caçando – essa é a palavra – outro turista, agora um japonês (Katsuro – Akihiro Kitamura), o ensandecido doutor começa a explicar a cirurgia para as três vítimas. Basicamente ele vai costurá-las umas às outras, boca ao ânus, e, formar assim uma criatura tripla com um único sistema digestivo. Uma centopéia humana. E ainda cortar os tendões dos joelhos para que os três não possam se levantar e fugir. Tudo isso foi milimetricamente planejado pelo doutor e a cirurgia começa. Quando termina – numa cena maravilhosamente iluminada – ele a leva para a sala para poder, entre lágrimas e fotografias para a posteridade, ver sua criatura perfeita viva.

    Six conduz tudo com poder e convencido de que está fazendo uma obra de arte. Seu sadismo não conhece limites, e ele joga cenas tanto cômicas (o japonês, ou a parte da frente da centopéia, mordendo a perna do doutor) quanto asquerosas (a “alimentação” das duas outras partes, por meio das fezes do japonês). A fotografia em tons sóbrios e neutros faz da fita um projeto bem anos 90, como percebemos nos créditos – tanto iniciais quanto finais – dando o exato tom que o filme necessitava. Dr. Helter é um dos melhores e mais deliciosos psicopatas do cinema independente dos últimos tempos, muito bem interpretado por Laser. As partes da centopéia já merecem parabéns só pela posição em que atuam (imaginem-se atuar com o rosto enfiado entre as nádegas de outro ator e/ou vice-versa).

    No título original há o subtítulo First Sequence (“Primeira Sequência”), ou seja, ainda teremos muito mais centopeias rastejando pelo mundo. E, se depender de Six, seus filmes fofos vão dar dor de cabeça a muita gente ainda. É a escatologia que move tudo (e essa faceta funciona maravilhosamente bem), todavia, é inevitável nos perguntarmos: de onde diabos Tom Six teve a ideia de costurar pessoas pelo traseiro para formar uma centopeia??? O filme em sim pode ser considerado trashorror, cult e – os termos mais usados – nojento, repugnante, asco e lixo. Só não se esqueçam: lixo é luxo.     Nota: 6/10


100% medically accurate.


    Mais textos da criatura: aqui. E o Twitter é @hausofgust. Enjoy.

Um comentário:

  1. Esse filme, por incrível que pareça tem um fundo de verdade; uma vez que é baseado no cientista nazista Josef Mengele - O anjo da morte - Criar gemeos siameses ligados atraves de um unico sistema digestivo foi apenas uma de suas bizarras experiencias; dissecava anões vivos, jogava prisioneiros em agua fervente para ver quanto tempo suportavam, injetava cimento no útero das mulheres e por aí vai!
    Ótima critica ao filme, espero pela critica do Centopeia humana 2!

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