segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crítica - Harry Potter 7.2

 
    Quando foi anunciado, em 2006, após o quarto filme, que um diretor que só tinha no currículo um filme para TV levaria a saga até o seu final, fiquei receoso. Um receio que aumentou ainda mais após o confuso, irregular e problemático quinto filme. Parecia que a série manteria ''Prisioneiro de Azkaban'', de 2004, como seu melhor momento e que ninguém havia aprendido nada com a guinada ''dark side'' que Alfonso Cuarón havia dado ao terceiro longa, muito mais intenso e poderoso, mesmo contando com a história mais fraca de todos (''culpa'' do livro, que é o menos ''importante'').
    Entretanto, veio a surpresa ''Enigma do Príncipe''. David Yates mostrou que possuía suas qualidades e trouxe um fator que mudaria o rumo da saga: um certo realismo. Sim, realismo em um filme de bruxos cheio de criaturas exóticas. Tudo ganhou um lado humano e a adolescência (e seus problemas) ganham um bom espaço, naquele que era o filme mais sombrio (bendita Fotografia linda!) e com maior ''valor cinematográfico'' de toda a série até então, junto do terceiro filme. E então, só faltavam mais dois longas, e a projeção era de puro crescimento na qualidade.
    E isso realmente ocorreu, a primeira parte de ''Relíquias da Morte'' foi um filme poderoso. A parte técnica nunca havia sido tão eficiente. Trilha, fotografia, efeitos especiais, direção de arte e até mesmo a direção em si. Os personagens estavam mais aprofundados e era o filme mais artístico de todos, com comparações diretas à regimes totalitários, como o nazismo, sendo ainda melhor desenvolvidas que nos livros. Um excelente show de abertura para o maior acontecimento do cinema nos últimos tempos: o fim da franquia.
    O acontecimento realmente veio, e com força. O filme... deixou a desejar. Não que ele não seja bom. É ótimo! O terceiro melhor de toda a saga. Mas com tudo que tinha nas mãos, Yates ofereceu pouco. A parte técnica é, mais uma vez, deslumbrante. A fotografia de Eduardo Serra é novamente bela, a trilha de Alexandre Desplat dá todo o tom épico (ou dramático, quando preciso) e os efeitos especiais, enfim, esses já são elogio marcado.
    Todo o começo do filme é espetacular, desde as cenas no Chalé das Conchas, realmente bem escritas por Steve Kloves (que cresceu muito desde o primeiro filme), até a extraordinária sequência em Gringotes, perfeita nos mínimos detalhes. Mas a partir daí, o filme falha ao dar o tom épico. A batalha de Hogwarts é sub-aproveitada. Há cenas lindas como a do escudo da escola, a fuga de Snape e os ''momentos'' da Professora McGonagall. Entretanto, parece que esses momentos foram muito mais sentidos pelas fortes interpretações ou pelos efeitos, do que pelo que realmente estava sendo mostrado ali. Nada comparável à memorável batalha dos Campos de Pelennor, no capítulo final da trilogia ''O Senhor dos Anéis''.
    Aqui vão alguns exemplos (contém spoilers, desavisados pulem para o próximo parágrafo): a morte de Bellatrix, apressada e sem desenvolvimento algum, só foi épica devido à fala (do livro) da Sra. Weasley; o adeus à alguns personagens importantes (do ''lado bom'' da batalha) também é falho (coitados dos que não leram o livro, tiveram que decifrar que era Fred que jazia no chão); o beijo de Rony e Hermione é belamente construído e... o rosto de Rupert Grint simplesmente tapa qualquer visão do público.
    Tá, Gabriel, você só falou mal e ele é o terceiro melhor da série? É! O motivo? Algumas cenas absurdamente lindas e emocionantes, com as quais parece que houve um tratamento especial da equipe de produção, como as memórias de Snape (lindas e emocionantes em cada momento, com um tom dramático crescente), a parte final (após a cena na Floresta Proibida), o epílogo e as já anteriormente citadas no quinto parágrafo. Além de, claro, todo o trabalho impecável na técnica e o desempenho positivo de todo o elenco adulto. E, o mais importante, o já citado várias vezes ''acontecimento''. A nostalgia também engrandece o filme, e muito.
    Como filme, bom. Como acontecimento de toda uma geração, inesquecível e espetacular.       Nota: 8/10



6 comentários:

  1. A pergunta clássica! Você prefere Harry Potter ou Senhor dos Anéis?? (Pelo livro e pelo filme)

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  2. Pelos filmes, Senhor dos Anéis disparado. Pelos livros... Também, mas a distância já fica menor. Abraços.

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  3. Eu também achei que o último filme meioo fraco... Eu não acabei o último livro ainda, mas pretendo acabar, e o que sinto é que foi muitoooo pouco explorado pelos detalhes que o próprio livro apresenta (tudo bem que todos os filmes apresentam menos coisas que o livro, mas deu pra sentir forte que eles poderiam ter explorado muitoo mais os detalhes)! E também achei que tiveram alguns itens no último filme que não foram muito bem explicados!
    Sim, sou muitooo fã mesmooo de Harry Potter, hahah e quando tocou pela ultima vez A música caracteristica, caraa, quase morri de tristeza, serião, hahaha.
    Porém achei um pouco "fraco" (só em alguns momentos) esse ultimo filme mesmo, pelo peso que todos colocavam sobre ele! Poderia ser maior, deveria ser maior, na minha visão, mas...
    Abraçoos!!

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  4. É! Tentei explicar isso no texto sem parecer hater haha. É como se só o meu lado fã tivesse amado o filme e o lado cinéfilo, ''aceitado''.

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  5. Concordo com basicamente tudo na crítica. Os quatro filmes que citou são realmente os melhores, o quinto é de longe o pior de todos, mas eu já coloco um pouco da culpa no livro, que é longo e arrastado, como diversos momentos desnecessários. Enfim, também acho que a morte da Bellarix é mal executada, assim a acordada de Neville no meio da batalha (esta você não comentou). O elenco tá soberbo, como de costume, e o epílogo é rápido e eficiente, porém não especialmente marcante. Um ótimo desfecho para a cinessérie. Abraços.

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  6. É isso aí mesmo. O epílogo me marcou não por causa do Yates, da Rowling ou dos atores; a culpa foi do John Williams que compôs aquela trilha linda e do Desplat que ao colocá-la, me fez sentir com 6 anos de novo, assistindo A Pedra Filosofal. Abraços.

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