quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Análise - Resoluções de 2013

    Se é bem verdade que 2013 foi um ótimo ano para o cinema - a safra de filmes foi bem melhor que a de 2012, por exemplo -, com certeza isso não ocorreu por causa dos longas que listei aqui no ano passado como os que mais estava ansioso para assistir no ano que passou. Vem comigo dar uma olhada no que eu achei dos filmes:

10. "Guerra Mundial Z"




    "Guerra Mundial Z" nem merece pertencer ao subgênero "filme de zumbi" - só a ausência quase total de sangue já o impede -. Na verdade, nada mais é do que um filme de ação em que os "inimigos" são os mortos-vivos. Há quem diga que este é o novo rumo do subgênero no século XXI, espero que roteiristas e diretores notem que não é por aí o quanto antes, então. O filme até é competente, principalmente em seu início. O prólogo, que mostra o início da infecção do vírus, é interessante e bem realizado. Entretanto, este o único momento de frescor do longa. O que se sucede nada mais é do que todos os clichês do gênero empilhados, numa abordagem absolutamente convencional. É um filme que não toma riscos narrativos ou técnicos, cumprindo apenas seu papel: um bom filme de ação que estabelece muito bem um clima de urgência e adrenalina. E nada mais.

Nota 6/10




9. "O Homem de Aço"



    Da mesma forma que vários fracassos da Marvel ("Capitão América: O Primeiro Vingador", "Homem de Ferro 3"...) comprovaram o problema da "linha cinematográfica" seguida pelos seus filmes - mais voltados para a diversão -; "O Homem de Aço" exemplifica o lado negativo da seriedade que vem sendo implantada nos filmes da DC, via Christopher Nolan. A direção de Zack Snyder é absolutamente irritante, com uma câmera trêmula aliada a uma montagem cheia de cortes secos. O roteiro é raso como uma colher de chá - apesar de tentar a todo custo demonstrar o contrário - e possui diversos problemas estruturais. Henry Cavill também não convence como o Homem de Aço (mas, a essa altura, qualquer coisa é melhor que Brandon Routh, do filme de 2005). Além disso, se a direção de Snyder já não ajuda, os efeitos especiais muito duvidosos - CGI over notável - atrapalham ainda mais as cenas de ação. E aí, sobra o quê para salvar?

Nota 4/10


8. "Diana"



    De candidato às premiações até se tornar uma das "bombas" do ano. De ter Naomi Watts como cotada ao Oscar de Melhor Atriz até esta ser indicada ao Framboesa de Ouro (em que se leve em conta, claro, a irrelevância do prêmio e os vários motivos pelos quais a atriz não deveria ter sido indicada). "Diana" foi uma absoluta decepção geral. Muitos desistiram do longa - como eu - que só o assisti para fechar este post. O filme conta os últimos anos de vida da princesa... bem, na verdade, "conta". O diretor Oliver Hirschbiegel e seu roteirista Stephen Jeffreys praticamente fazem uma livre adaptação da vida de Diana, sustentando-se majoritariamente em rumores e exageros. Aqui, a princesa está mais para princesa da Disney - bondosa, apaixonada, inocente e que faz de tudo pelo "Príncipe Encantado". Por fim, se torna um filme irritante - por mostrar algo que obviamente não foi real -, inofensivo - pois duvido que alguém ainda lembre que este filme existe - e desnecessário.

Nota 4/10


7. "Amor Pleno"




    Terrence Malick é um diretor difícil. A experiência de assistir a seus filmes demanda boa vontade, concentração total e atenção aos detalhes, para dizer o mínimo. Em "Amor Pleno", o diretor manteve muito da estrutura de seu filme anterior, o indicado ao Oscar "A Árvore da Vida", mas a qualidade ficou abaixo. Estão ali presentes a belíssima fotografia e o ótimo trabalho de direção, mas tanto no roteiro quanto na realização, os problemas ficaram maiores. O que em "A Árvore da Vida" já não funcionava muito bem, aqui se expande - e muito. O roteiro, que aborda o amor e suas formas, não resulta tão completo e profundo como em seu filme anterior. Desta forma, mesmo as belas imagens que aparecem na tela não alcançam seu potencial e soam redundantes e deslocadas. As quase duas horas de filme se tornam maçantes, cansativas e intermináveis. Uma decepção.

Nota 5/10.



6. "Os Amantes Passageiros"





    Pedro Almodóvar talvez tenha feito seu pior filme (não posso afirmar com certeza, posto que não terminei de ver toda sua filmografia). Só com muito esforço para alcançar algo mais problemático que "Os Amantes Passageiros". A história se passa dentro de um avião em pane, impossibilitado de pousar em segurança. O avião, na verdade, se comporta como uma metáfora para a crise econômica espanhola. Os passageiros da classe econômica - o povo - dopados em sono profundo; uma primeira classe transloucada - os ricos -; e uma tripulação que esconde o verdadeiro problema com o avião - o governo -. Entretanto, a metáfora não sustenta o filme. Almodóvar realiza um longa cheio de excessos, piadas fracas e ritmo problemático. Um filme menor. Minúsculo.

Nota: 3/10



5. "O Lobo de Wall Street" (não foi lançado)





    O ano de 2013 também serviu para mostrar - mais uma vez - como a distribuição brasileira de filmes é ruim. O filme de Martin Scorsese só estreará por aqui no dia 24 de janeiro - um mês após a estreia americana e atrasado até em relação aos nossos vizinhos latinos. Portanto, fiquei sem ver o filme até a data da publicação desta lista. Quando o filme estrear, escrevo uma crítica sobre ele aqui no blog (se os deuses e astros estiverem favoráveis à minha boa vontade).









4. "Sin City: A Dame to Kill For" (não foi lançado)








    Filme foi adiado para 2014. :(













3. "O Grande Gatsby"



    Baz Luhrmann despontou para o conhecimento do mundo com o seu segundo longa "Romeu + Julieta", uma versão moderna do clássico de Shakespeare; mas foi com "Moulin Rouge - Amor em Vermelho" que o diretor australiano atraiu a atenção de público e crítica. Isso, de certa forma, foi sua glória e sua queda. Se o musical é, de fato, um grande filme; após ele, Luhrmann não conseguiu criar algo que chegasse aos seus pés. "Austrália" foi um grande fracasso e "O Grande Gatsby" não deixou de ser uma decepção. O diretor parece tentar recriar a qualquer custo o longa de 2001 e repetir seu sucesso. A primeira metade do filme é um festival de afetação e exagero - quase insuportável (tal qual seus personagens). Na segunda, o filme entra nos eixos, os personagens se desenvolvem e a história ganha, enfim, alguma profundidade. Tecnicamente, claro, é um filme belíssimo (fotografia, direção de arte e figurino); mas Luhrmann acaba por criar uma armadilha para si mesmo.

Nota: 6/10


2. "Machete Mata"








    Crítica para o filme, no blog, aqui.












1. "Ninfomaníaca - Volume 1"



    O novo filme de Lars Von Trier passou por diversos entraves em seus bastidores e, por fim, o diretor dinamarquês teve de aceitar as imposições de seus produtores: seu filme sobre uma viciada em sexo passou por uma censura prévia e foi dividido em duas partes (a segunda será lançada no Brasil em março, segundo a distribuidora). De 5h30, o filme passou para dois volumes de 2h cada um. O primeiro volume, que estreou no começo deste ano, se trata evidentemente de uma obra incompleta. A protagonista, Joe, ainda é uma jovem e é interpretada por Stacy Martin - que está muito bem, inclusive. Charlotte Gainsbourg (de "Melancolia") aparece aqui apenas como uma narradora. Apesar disso, este "primeiro ato" de "Ninfomaníaca" é um filme eficiente - na verdade, não se trata de um filme sobre sexo, mas sim, um estudo de personagem. Os destaques do longa ficam, com certeza, para a sempre bela direção de fotografia de Manuel Alberto Claro e para Uma Thurman - em chamas - que protagoniza o melhor momento do filme. Semana que vem posto uma crítica do filme, stay tuned.

Nota: 8/10

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