segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Crítica - Machete Mata


    Robert Rodriguez é um cineasta inconstante. Entre seus trabalhos existem filmes divertidíssimos como Planeta Terror (Planet Terror, 2007) e Machete (idem, 2010), e verdadeiras bombas - As Aventuras de Sharkboy e Lavagirl em 3D (The Adventures of Sharkboy and Lavagirl in 3D, 2005) e Pequenos Espiões 4 (Spy Kids 4: All the Time in the World, 2011). A questão principal parece ser quando o diretor ultrapassa - ou não - a tênue linha entre o exagero irônico e inteligente, e o exagero tosco e forçado. Machete Mata fica nesta segunda zona.

    Se o único defeito do primeiro filme do anti-heroi mexicano era a existência de momentos em que Rodriguez parecia levar sua obra a sério demais e destoava de toda a essência do filme, nesta sequência não há qualquer segundo que possa ser visto com seriedade. O filme é todo baseado no humor escrachado e assim vai do trailer fake com o qual inicia até o seu final. Não seria um problema caso fosse um humor que acertasse no tom. A maior parte das cenas apenas te deixa desconfortável e com saudade da inteligência de seu antecessor. 

    Bom, quanto à história, ela é bem simples: Machete (Danny Trejo) recebe do presidente dos Estados Unidos (Charlie Sheen) uma missão de assassinar um líder criminoso (Demián Bichir), porém diversos outros assassinos querem impedi-lo. Excetuando-se uma ou outra boa sequência, o roteiro nada mais é do que um arremedo de ideias subaproveitadas: o assassino que muda de face (El Camaleón - interpretado por Antonio Banderas, Cuba Gooding Jr., Lady Gaga e Walton Goggins) e a dupla personalidade do vilão interpretado por Bichir nunca alcançam seu potencial.
    
    A existência de um mar de coadjuvantes faz com que Machete Mata também acabe se tornando uma obra muito segmentada. São muito atores e atrizes, cujas gravações não devem ter durado mais de dois dias para cada um, e a maioria deles fica sem qualquer relevância para a trama. É o caso das personagens de Alexa Vega, Jessica Alba e Vanessa Hudgens, por exemplo. Já os demais, como a miss de Amber Heard e a cafetina gritona de Sofía Vergara, nunca ganham o destaque que talvez merecessem.

    Já em seu trabalho de direção, Rodriguez transpõe sem maiores dificuldades aquilo que já tinha dado certo no antecessor e recria o "estou-filmando-mal-de-propósito", com direito aos velhos cortes grotescos e à aparência de filme b. O problema do filme realmente é o seu roteiro. Filmes deste estilo já foram feitos e refeitos várias vezes e, portanto, ou se cria uma boa obra ou fica a sensação de piada repetida e sem graça.

    E tudo isso depois de um promissor trailer fake (a nova mania do diretor para iniciar seus filmes) que "anuncia" um terceiro filme de Machete, mas agora no espaço. As referências à Star Wars e o trash presentes naquilo que parece ter sido o único momento de fato inspirado de Rodriguez. Entretanto, ao que parece, após o retumbante fracasso de bilheteria de Machete Mata, dificilmente a mencionada sequência sairá do papel. 

Nota 3/10

    

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